Nem a demissão de sete ministros por suspeitas de corrupção inspirou foliões
Máscaras de políticos estão em baixa no carnaval deste ano

"Esse ano não vai ser igual aquele que passou" é trecho de uma famosa marchinha que anima o reinado de Momo há décadas, mas que se encaixa mais do que nunca no carnaval deste ano.

Isso porque, depois de um 2011 repleto de escândalos no governo, com parlamentares em situações constrangedoras, além de toda a polêmica da faxina e do troca-troca ministerial, as máscaras de políticos, que sempre fizeram tanto sucesso durante esta época, não estão entre as preferidas dos foliões este ano.

Olga Valles, empresária e dona de uma das maiores fábricas de máscaras de carnaval do Brasil, diz que as mais procuradas para o carnaval de 2012 foram as de monstros, bruxas, gorilas, além das tradicionais Clóvis. Segundo ela, a venda das que retratam os figurões da política nacional caiu pela metade:

- Ano passado, o deputado federal Tiririca foi o campeão de vendas, com mais de dez mil unidades vendidas. Este ano, não houve muita procura por políticos, além dos já tradicionais, como Dilma e Lula, que venderam uma média de 4 mil unidades cada.
A empresária, porém, chama a atenção para um detalhe:

- Mesmo com pouca procura, o que chamou nossa atenção foi a venda de máscaras de políticos já falecidos, como Tancredo Neves e Ulysses Guimarães, e do presidente do Senado, José Sarney, o que não acontecia há muitos anos.

Olga disse também que chegou a cogitar fazer uma máscara de Lula sem cabelos e sem barba, mas desistiu, considerando que as pessoas não iam querer brincar com um tema tão delicado quanto a doença do ex-presidente.

Quanto ao desinteresse dos foliões por máscaras de políticos este ano, Olga considera normal.

- É um mercado cíclico. Normalmente, em anos de eleições presidenciais, as vendas são melhores mesmo. Mas, na verdade, acho que o povo brasileiro está cansado de tanto descaso político e resolveu brincar o carnaval sem se envolver com esses temas.