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Internacional
Domingo - 05 de Fevereiro de 2012 às 21:41

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Países do Ocidente e do mundo árabe responderam com indignação neste domingo ao veto da Rússia e da China a resolução do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) que exigia a saída do ditador sírio, Bashar Assad.

A embaixadora norte-americana na ONU disse que estava "com nojo" da votação, que ocorreu um dia depois de ativistas terem dito que as forças sírias bombardearam a cidade de Homs, matando mais de 200 pessoas na pior noite de conflitos desde o início das revoltas, há 11 meses.

Diogo Shiraiwa/Editoria de Arte/Folhapress

O número de mortos varia entre 217 --segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, em Londres-- e 260 -de acordo com o Conselho Nacional Sírio, baseado no país. Ambos dizem que há centenas de feridos. A Síria impede o trabalho dos jornalistas, dificultando a apuração independente dos fatos.

"Qualquer outro derramamento de sangue que ocorrer estará nas mãos deles", afirmou a embaixadora Susan Rice após o veto dos dois países.

Todos os outros 13 membros do Conselho de Segurança bancaram a resolução, que "apoiaria totalmente" um projeto da Liga Árabe segundo o qual Assad cederia o poder a um vice, retirando tropas das cidades e iniciando uma transição para a democracia.

A Rússia afirmou que a resolução era tendenciosa e promoveria "mudança de regime". A Síria é aliada de Moscou no Oriente Médio, abriga uma base naval russa e compra as armas do país.

"LICENÇA PARA MATAR"

O Conselho Nacional Sírio, que representa grandes grupos de oposição, afirmou que considera Moscou e Pequim "responsáveis pelos crescentes assassinatos e genocídios; considera isso uma irresponsabilidade que é equivalente a uma licença para matar com impunidade".

O único membro árabe do Conselho de Segurança, o Marrocos, falou em "grande pesar e decepção" com o veto. O embaixador Mohammed Loulichki disse que os árabes não tinham intenção de abandonar o plano.

O enviado sírio à ONU, Bashar Ja"afari, criticou a resolução e seus patrocinadores, incluindo a Arábia Saudita e sete outros países árabes, dizendo que as nações "que impedem mulheres de irem a um jogo de futebol" não tinham direito de pregar democracia à Síria.

Ele também negou que as forças sírias tenham matado centenas de civis em Homs, dizendo que "nenhuma pessoa sensata" lançaria tal ataque uma noite antes de o Conselho de Segurança discutir as ações no país.

  3.fev.12/Reuters  
Garoto participa de manifestação na Síria contra o regime do ditador Bashar Assad
Garoto participa de manifestação na Síria contra o regime do ditador Bashar Assad

Neste domingo, a televisão estatal síria mostrou imagens ao vivo de Assad orando com clérigos sunitas e ouvindo a mensagens do Corão em uma mesquita de Damasco, para marcar o aniversário do profeta Maomé.

Grande parte da oposição a Assad vem da maioria sunita, muitos dos quais não aprovam a grande influência da seita alauita, de Assad.

Moradores de Homs criticaram o veto. Um deles, que se identificou como Sufyan, disse: "Agora vamos mostrar a Assad. Estamos indo, Damasco. A partir de hoje vamos mostrar a Assad o que uma gangue armada é". O presidente chamou a oposição de "gangue armada" e "terroristas" guiados pelo exterior.

O enviado da Rússia à ONU, Vitaly Churkin, acusou os partidários da resolução de "propor mudança de regime, empurrar a oposição para o poder e não interromper suas provocações, alimentando a luta armada".

"Alguns influentes membros da comunidade internacional, infelizmente alguns sentados nesta mesa, desde o começo do processo na Síria estão minando a oportunidade de um acordo político", afirmou. Moscou vai enviar seu ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, a Damasco na terça-feira.






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