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Internacional
Domingo - 05 de Fevereiro de 2012 às 09:24

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O CNS (Conselho Nacional Sírio), principal organização opositora ao regime de Bashar Assad, criticou o veto da Rússia e da China no sábado a um projeto de resolução sobre a Síria no Conselho de Segurança da ONU, classificando-o como "uma autorização ao regime de Damasco para matar".

Ahmad Ramadan, dirigente do CNS, disse à agência Efe que o veto representa "uma tentativa de deter qualquer processo político para dar uma solução à crise na Síria e deixa a porta aberta à linguagem da morte".

Tradicionais aliados da Síria, Rússia e China usaram seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para rejeitar o projeto de resolução, que condenava a violência do regime de Damasco contra a população civil, uma repressão que já dura 11 meses e deixou milhares de mortos.

Ramadan afirmou que o CNS "condena categoricamente o que fizeram Rússia e China, e pensa que Moscou e Pequim não olharam com sabedoria o futuro de suas relações com o povo sírio".

Ele explicou que o CNS agirá agora em duas frentes: irá à Assembleia Geral da ONU para pedir o apoio dos Estados-membros; e se dirigirá aos países árabes e a seus aliados para formar um grupo de contato internacional que trabalhe para isolar o regime, incluindo um bloqueio de armas, com o objetivo de impedir o governo Assad de receber "as ferramentas da morte oferecidas por amigos como a Rússia".

VETO

Treze nações votaram a favor do projeto proposto pelos países árabes e europeus. O novo projeto de resolução, que substitui outro mais duro e que foi descartado de imediato pela Rússia, não pedia explicitamente que o Assad deixasse o poder.

No entanto, as concessões incluídas continuaram sendo insuficientes para a Rússia e seu chanceler, Serguei Lavrov, havia afirmado antes da reunião em Nova York que submetê-lo à votação provocaria um "escândalo".

  Handout/Reuters  
Manifestantes contrários ao governo se reúnem durante funeral dos mortos em confrontos
Manifestantes contrários ao governo de Bashar Assad se reúnem durante funeral dos mortos em confrontos

INVASÃO

Manifestantes sírios saquearam a embaixada de seu país no Cairo e invadiram neste sábado missões diplomáticas em Londres e no Kuwait como parte dos protestos em resposta aos relatos de que ataques das forças leais ao ditador Bashar Assad deixaram ao menos 260 pessoas mortas.

De acordo com organizações opositoras, o regime de Assad bombardeou na madrugada deste sábado a cidade de Homs, um dos principais focos das revoltas contra o ditador. Ativistas acusaram militares também de massacrar mulheres e crianças, e usar tanques e armamentos pesados na pior ação registrada em 11 meses de revoltas.

No Cairo, uma multidão destruiu móveis e equipamentos e incendiou partes do prédio da embaixada durante a noite. Residentes sírios no Kuwait invadiram a embaixada no país durante a madrugada, rasgando a bandeira e ferindo vários seguranças. Em Londres, cerca de 150 pessoas atiraram pedras contra a embaixada síria, quebrando vidros das janelas.

Grupos de protesto também foram vistos em frente das embaixadas sírias na Alemanha, Estados Unidos e Grécia, depois que ativistas de defesa dos direitos humanos divulgaram que mais de 200 pessoas foram mortas por tiros disparados por forças do regime na cidade de Homs.

  Finbarr O"Reilly /Reuters  
Manifestante em frente à embaixada da Síria, em Londres; houve prostesto também em outros países, como Alemanha
Manifestante na embaixada da Síria, em Londres; houve prostesto também em outros países, como Alemanha

O CNS confirmou que mais de 260 pessoas morreram no que considerou ser "o massacre mais horrível cometido pelo regime desde o começo do levante na Síria".

O regime negou as acusações, afirmando que tais grupos estavam envolvidos com uma campanha conspiratória para desestabilizar a Síria.

"Algumas emissoras de TV colocaram no ar imagens de um grupo de cadáveres com as mãos acorrentadas, alegando que eles foram mortos por bombardeios do Exército, enquanto são de fato cadáveres de cidadãos inocentes sequestrados, torturados e abatidos por grupos armados terroristas", afirmou o regime em nota.

"INQUALIFICÁVEL

Pouco antes de o Conselho de Segurança votar a resolução, o presidente dos EUA, Barack Obama, condenou o "ataque inqualificável" em Homs, exigiu que Assad deixasse o poder imediatamente e pediu uma ação da ONU contra a "brutalidade implacável" do presidente sírio.

"Ontem, o governo sírio matou centenas de cidadãos sírios, incluindo mulheres e crianças, em Homs, por meio de bombardeios e violência indiscriminada, e as forças sírias continuam a impedir que centenas de civis feridos procurem ajuda médica", disse Obama em um comunicado. "Qualquer governo que brutaliza e massacra seu povo não merece governar."

A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, disse no sábado que não tinha sido possível trabalhar de forma construtiva com a Rússia antes da votação, apesar de uma intervenção militar na Síria --rejeitada por Moscou-- ter sido absolutamente descartada.

"Eu pensei que poderia haver algumas maneiras de atenuar, mesmo neste último momento, algumas das preocupações que os russos tinham. Eu me ofereci para trabalhar de forma construtiva para fazê-lo. Isso não foi possível", disse ela a jornalistas na Conferência de Segurança de Munique.

Depois de negociações entre Hillary e o chanceler russo, Sergei Lavrov, classificadas de "vigorosas" por autoridades norte-americanas, Moscou anunciou que o seu ministro das Relações Exteriores iria voar para a Síria em três dias para se reunir com Assad.

  Jim Watson/France Presse  
Secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pediu que Conselho de Segurança adote resolução
Secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pediu que Conselho de Segurança adote resolução

"DIA TRISTE"

Mohammed Loulichki, o embaixador marroquino na ONU, único membro árabe do conselho de 15 países, expressou seu "pesar e desapontamento" com o fato de Moscou e Pequim juntarem forças para derrubar a resolução.

O embaixador francês Gerard Araud disse ao conselho: "É um dia triste para este conselho, um dia triste para todos os sírios e um dia triste para a democracia."

Diplomatas afirmaram que a expectativa já era de que a China seguisse o exemplo da Rússia. A decisão da Rússia de votar contra a resolução veio depois que autoridades dos EUA e Europa rejeitaram uma série de alterações russas para o esboço da resolução.

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Fonte: EFE

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