Ministro das Cidades é isolado em solenidade na Bahia
Cotado para deixar o cargo, o ministro das Cidades, Mário Negromonte, foi isolado em solenidade de liberação de R$ 276 milhões de sua pasta na Bahia, seu reduto eleitoral, nesta segunda (30).
Posto à distância de Dilma Rousseff pelo cerimonial da Presidência, o ministro falou pouco e evitou a imprensa. A discrição contrastou com outras solenidades similares em seu berço político.
Ele recebeu apenas uma menção protocolar da presidente: foi citado nominalmente junto com os demais ministros originários da Bahia.
"Vou começar cumprimentando o ministro Mário Negromonte, das Cidades que, no meu governo, tem sido responsável pela política de urbanização de favelas, de habitação, saneamento e proteção de encostas", disse Dilma.
Roberto Stuckert Filho/PR | ||
Governador da Bahia, Jaques Wagner (esq.), Dilma, e os ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores) e Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário) |
O discurso do ministro das Cidades durou menos de cinco minutos --metade do tempo usado pelo governador da Bahia, Jaques Wagner, e pelo prefeito da cidade, Luiz Caetano (ambos do PT).
Negromonte focou no investimento de R$ 163 milhões para urbanização do rio Camaçari, que corta a cidade, e na construção de casas (R$ 112 milhões) para as famílias removidas, ambas geridas por sua pasta.
Embora se tratasse de obras da pasta de Negromonte, o cerimonial da Presidência posicionou o ministro longe de Dilma. Pelo lado direito, entre ela e Negromonte, sentaram-se Jaques Wagner (PT) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento). Do lado esquerdo, quem se sentou ao lado da presidente foi o chanceler Antônio Patriota.
Ontem à noite, Dilma e Wagner discutiram a situação do ministro das Cidades, que viu sua condição se agravar após perder o apoio da bancada do PP, seu partido, e da revelação feita pela Folha de que se reuniu com um lobista interessado em contrato com a pasta.
O governador, um dos padrinhos de Negromonte, buscou se distanciar do ministro. Na noite de domingo, antes de jantar com Dilma, o petista ressaltou que a indicação do ministro coube ao PP, e não a ele.
Wagner também disse que não depende de "nenhum ministro" em particular porque tem uma relação direta com a presidente Dilma Rousseff. Perguntado se defenderia a permanência de Negromonte, o governador lavou as mãos: "Essa caneta não me pertence".
CONSUMO
A presidente voltou a afirmar que o consumo das famílias brasileiras vai proteger o país da crise internacional que afeta, principalmente, países da zona do euro.
Em Camaçari (região metropolitana de Salvador), a presidente citou a escalada do desemprego europeu e disse que a crise não afetará o Brasil porque tem um modelo diferente de crescimento.
"Países até então desenvolvidos hoje lideram o campeonato de quem mais desemprega no mundo. Nosso modelo é diferente, o Brasil vai crescer se as pessoas melhorarem de vida", disse, em discurso.
"Quem consome gera oportunidade e com isso a roda vai girando", afirmou.
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