Em setembro, despesas lá fora somaram US$ 2,16 bilhões, aponta BC. Na parcial deste ano, despesas somam US$ 18,9 bilhões, também recorde.
Gasto brasileiro no exterior bate novo recorde
Em setembro, quando a moeda norte-americana teve queda de 7%, para R$ 2,21, contra R$ 2,38 no fechamento de agosto, os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 2,16 bilhões – o maior valor já registrado para este mês.
Até o momento, a maior despesa lá fora, em meses de setembro, havia sido registrada em 2011 (US$ 1,79 bilhão). Sobre o ano passado, quando os gastos no exterior somaram US$ 1,7 bilhão, o crescimento foi de 27,3%.
"O brasileiro continua viajando. Emprego e ganhos reais de salário continuam crescendo. Ainda há oportunidade em termos de promoções e custos em países destino que mostram recuperação lenta [da crise financeira], como na Europa e Estados Unidos. Ainda apresentam boas oportunidades [de preços] para os turistas", avaliou o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.
Cotação do dólar
A moeda norte-americana começou a subir, neste ano, partir de meados do mês de maio por conta da sinalização do Federal Reserve (Fed, o BC norte-americano) de que poderia começar a retirar estímulos da economia dos Estados Unidos. Até então, vinha sendo negociada ao redor de R$ 2.
Com a disparada do dólar, a moeda chegou a ser cotado em R$ 2,45 em meados de agosto. No fim daquele mês, porém, o BC brasileiro anunciou um programa de oferta de leilões de "swap cambial" (que equivalem à venda de dólares no mercado futuro), além de leilões de divisas com compromisso de recompra, e a moeda americana começou a recuar.
Entre 22 de agosto e 21 de outubro, o dólar caiu 12%, conforme destacou o Banco Central nesta semana. Com isso, o real liderou o processo de valorização, em comparação com outras moedas neste período. Nesta sexta-feira, por volta das 10h55, o dólar estava sendo negociado a R$ 2,18.
Impacto da queda do dólar
A queda do dólar, segundo economistas, barateia, por exemplo, as passagens e hotéis no exterior. Entretento, especialistas lembram que essas aquisições geralmente são feitas com alguns meses de antecedência.
A queda da moeda norte-americana, porém, já pôde ser sentida, no mês passado, para quem comprou dólares nas instituições financeiras no período, ou, ainda, para o fechamento das faturas de cartão de crédito, por exemplo.
Independente da variação do dólar, o aumento dos gastos no exterior neste ano está relacionado, segundo economistas, com a continuidade do crescimento do emprego e da renda no Brasil, mesmo com um ritmo menor de expansão e também com os baixos preços de produtos em alguns países.
Parcial do ano também é recorde
Ainda de acordo com o Banco Central, as despesas lá fora somaram US$ 18,93 bilhões nos nove primeiros meses deste ano - valor que representa novo recorde histórico para o período. Sobre o mesmo período do ano passado (US$ 14,63 bilhões), houve um aumento de 15,9%.
Histórico de gastos no exterior
Em 2012, os gastos no exterior somaram US$ 22,2 bilhões e bateram recorde para um ano fechado. Em 2011, as despesas de brasileiros lá fora haviam somado US$ 21,2 bilhões. Deste modo, o crescimento, de 2011 para 2012, foi de 4,5%.
Até 1994, quando foi editado o Plano Real, que conteve a hiperinflação no Brasil, os gastos de brasileiros no exterior não tinham atingido a barreira dos US$ 2 bilhões. Naquele ano, somaram US$ 2,23 bilhões. Entre 1996 e 1998, as despesas no exterior oscilaram entre US$ 4 bilhões e US$ 5,7 bilhões.
Com a maxidesvalorização cambial de 1999, com o dólar subindo para acima de R$ 3 em um primeiro momento, as despesas no exterior também ficaram mais caras. Com isso, os gastos no exterior voltaram a recuar e ficaram, naquele ano, próximos de US$ 3 bilhões.
As despesas de brasileiros no exterior voltaram a atingir a barreira de US$ 5 bilhões por ano somente em 2006. Desde então, têm apresentado forte crescimento. Em 2007, 2008 e 2009, por exemplo, atingiram, respectivamente, US$ 8,2 bilhões, US$ 10,9 bilhões e US$ 10,8 bilhões
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