O Ministério Público Federal em Alagoas denunciou, nesta sexta-feira, ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região, com sede em Recife, 23 pessoas acusadas acusadas de desviar R$ 8 milhões da cidade de Traipu, no sertão alagoano, o segundo município mais pobre do Brasil.
Segundo o MPF, o prefeito Marcos Santos (PTB), a primeira-dama Juliana Kummer, o sobrinho do prefeito e o ex-prefeito Valter dos Santos Canuto, além de outras 19 pessoas, formaram uma quadrilha para desviar dinheiro federal da merenda, do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e do transporte escolar.
Juliana Kummer havia sido presa em maio do ano passado com outras quatro primeiras-damas. Elas usaram verba da merenda escolar para comprar uísque doze anos, ração para cachorro e lotar carrinhos de supermercados para abastecer as próprias despensas.
Enquanto isso, os alunos das escolas públicas de Traipu comiam bolacha com suco em pó, dissolvido na água. O dinheiro da merenda, segundo as investigações da Polícia Federal, virou lancha, fazendas, cabeças de gado, caçambas e carros de luxo - bens em nome do prefeito e de laranjas.
Marcos Santos foi preso cinco vezes em três operações da Polícia Federal em Traipu, todas por corrupção. Na última delas, a operação Tabanga, em setembro do ano passado, o prefeito e a primeira-dama fugiram de lancha pelo rio São Francisco. Marcos Santos se entregou à Polícia Federal, está preso e afastado da prefeitura de Traipu. A nora dele assumiu o Executivo.
De acordo com a denúncia do MPF, Santos seria proprietário de diversas empresas de fachada, em nome de laranjas que participavam de licitações fraudulentas no município, e teria falsificado documentos na abertura dessas empresas. Santos manteve em cárcere privado um servidor público.
"O MPF ressalta que o prefeito de Traipu vem praticando crimes e atos de improbidade de forma reiterada, e que já responde a uma ação penal que, inclusive, encontra-se em fase final de julgamento no Tribunal Regional Federal da 5.ª Região (TRF-5). Marcos Santos ainda é investigado em alguns outros inquéritos policiais e procedimentos administrativos do MPF, em Alagoas, além de responder a várias ações judiciais no âmbito federal", disse o MPF, em nota.
O MPF ofereceu a denúncia ao TRF de Recife, e não à primeira instância da Justiça Federal em Alagoas, porque Marcos Santos tem foro privilegiado em processos criminais, por exercer o cargo de prefeito, apesar de afastado da função pública.
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