Ajuda de custo dá suporte a viajante
Durante os quatro meses em que a bióloga Leandra Gonçalves morou em um navio da ONG Greenpeace, que navegava perto da Antártida, ela recebeu o salário da instituição como se estivesse no Brasil -R$ 3.500-, além de passagens e alimentação.
É praxe de mercado: quem embarca em missões para ONGs costuma receber pelo menos ajuda de custo. Nos Médicos sem Fronteiras ela é de € 1.000 (R$ 2.263).
Apesar de não ser o que motiva boa parte dos "sem fronteiras", o salário ou o auxílio financeiro deve ser pago, opina o conselheiro da Abong (Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais) Valdir Mafra.
Mas há casos em que a participação em projetos no exterior não é remunerada.
O estudante de gestão ambiental Moreno Nunes, 28, foi duas vezes à Argentina para construir casas pela ONG Um Teto para Meu País -em nenhuma teve remuneração. Na última delas, neste mês, gastou R$ 2.100 com passagens de ida e volta para Bariloche e hospedou-se na casa de integrantes da organização.
O investimento retornou em aprendizado, explica o estudante. "Nos locais de moradia precária, observo como a população interage com rios e mananciais, como lida com resquícios de mata, onde joga o lixo e quais são os conflitos com o poder público", enumera Nunes.
EXPERIÊNCIA
A advogada Débora Pinter Moreira, 38, que participa dos Advogados sem Fronteiras, também julga a remuneração algo secundário.
Ao convidar um colega para participar da organização, ela afirma ficar "meio decepcionada" quando ele pergunta se a remuneração é boa.
"Se [o profissional] procura dinheiro, não é a coisa a ser feita", pondera.
Gonçalves, por exemplo, buscou conhecimento no trabalho feito em 2008 a bordo do barco do Greenpeace. A partir dele, pôde formar uma rede de pesquisadores que estudam baleias jubarte pelos diferentes oceanos.
"Ter participado da expedição me trouxe experiência. Hoje sou coordenadora de campanha do Greenpeace."
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