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Politica MT
Domingo - 15 de Janeiro de 2012 às 08:42
Por: LAURA NABUCO

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Ascom/AL-MT
Líder do governo na Assembleia Legislativa, o deputado Romoaldo Júnior (PMDB) avalia 2011 como um ano conturbado para o Estado devido à quantidade de escândalos que estouraram sobre a gestão Silval Barbosa (PMDB). Ao contrário de muitos, no entanto, ele não acredita que o foco tenha se iniciado durante o período em que o senador Blairo Maggi (PR) esteve no comando do Palácio Paiaguás.

Embora tenha avaliado que, mesmo diante dos problemas, o Estado conseguiu crescer e se desenvolver em vários setores, o peemedebista acredita que mais ajustes ainda precisam ser feitos. O principal deles, para Romoaldo, são os que dizem respeito a orçamento.

O peemedebista também defendeu a postura que o governador adotou diante dos escândalos como o das cartas de crédito, que veio à tona após a Polícia Civil deflagrar a operação “Cartas Marcadas”, no final do ano passado, e criticou os que avaliam que Silval não tem “pulso” para administrar o Estado.

Romoaldo, embora tenha uma cara nova para muitos mato-grossenses, é um experiente político, sobretudo no Legislativo. Foi vereador por Alta Floresta, seu principal colégio eleitoral, e deputado estadual por três mandatos consecutivos de 1990 a 2000. Em seguida se tornou prefeito do município, retornando à Assembleia o ano passado.





Diário de Cuiabá - O senhor atuou em 2011 como líder do governo na Assembleia Legislativa. Vai continuar nesta posição em 2012?

Romoaldo Júnior - O governador fez o convite, na época, para eu ficar na função pelo prazo de um ano, e agora ele refez o convite no final do ano e eu topei. Vou ajudá-lo mais este ano, sim!



Diário - O que foi mais complicado durante 2011 estando nesta função?

Romoaldo - As tabelas e as negociações com as categorias porque veio tudo de uma vez. O Estado há muito não fazia um realinhamento das tabelas. Dos 100 mil servidores, hoje 95% estão contemplados com um realinhamento ou com um aumento. Muitas vezes não foi dado o que eles pleitearam, mas foram muitos avanços em todos os níveis. Existem algumas que ainda não receberam, mas foi o mínimo.



Diário - Durante essas discussões algumas categorias chegaram a fazer greve. Como o governo encarou esta situação?

Romoaldo - Teve os servidores da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) que fizeram greve e voltaram atrás, o Detran fez greve por pouco tempo, os escrivãs e a polícia. Todas elas acabaram sendo decretadas ilegais pela Justiça. O governo tentou dialogar e em nenhum momento travou a conversa. Hoje Mato Grosso está entre os cinco maiores estados do Brasil. O que a gente precisa dos servidores é motivá-los a ajudar o governo, ajudar a sociedade, produzir mais e fazer jus a estes salários. Foi neste entendimento que o governador sentou e conversou com todas as categorias, compromissado em fazer as tabelas.



Diário - Para 2012 estão previstos mais reajustes de salários?

Romoaldo - O ideal seria este restante ser contemplado. 95% já teve ajustes, mas têm categorias que ainda não conseguiram: os auditores do Estado, os peritos da Politec, o Procon. São categorias com poucos servidores, mas que o governo precisa pelo menos sentar com elas e conversar sobre isso. Eu acho que este ano vai ser o dos ajustes. No ano passado foram seis. O governador trouxe todas as categorias, conversou e alguns compromissos foram assumidos. A Empaer, por exemplo, fazia mais de 10 anos que não tinha um realinhamento. O Intermat, a mesma coisa. Os servidores da Saúde há muito também esperavam. Então, além de atender, foi feito o plano de carreira destes servidores. O governador fez todos os compromissos assumidos serem honrados.



Diário - O que se pode esperar do governo Silval Barbosa para 2012?

Romoaldo - A Agecopa foi um exemplo. Ele deu uma celeridade fazendo a extinção dela e criando a Secopa. Os projetos da Copa todos andaram. Este ano Cuiabá começa a se transformar num canteiro de obras. Mas precisa fazer uns ajustes ainda. A máquina está muito pesada. O que se arrecada hoje não é compatível com um Estado que tem uma máquina desta envergadura. Então o governo vai cortar tudo, enxugar, reduzir custeio. Não vai mais contratar, ao contrário, vai extinguir cargos, cortar duro. Também vai fazer um combate sistemático e atuante à evasão fiscal: a sonegação. Vamos chamar a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz), os funcionários, para arrecadar mais porque o governo precisa de mais recurso.



Diário - Nesta função, o senhor pode manter um relacionamento bem estreito tanto com a Assembleia quanto com o governo. Como o senhor avalia o relacionamento entre os dois?



Romoaldo - O fato de o governador ter sido deputado, presidente da Casa, ajuda muito. Além disso, o governador tem o estilo de conversar, de ouvir: conciliador. Muitos até confundem esta humildade, essa maneira dele, com uma característica de não ter pulso. Mas ao contrário, ele tem o comando do Estado. Conhece de perto os problemas. Sabe o que está fazendo e tem o controle. Quem manda é ele.



Diário - Esta foi justamente uma das críticas que se fez muito ao governador ao longo do ano. Como o senhor avalia?

Romoaldo - Eu acho que estas críticas são normais, mas eu conheço o governador há 25 anos. O que posso afirmar é o seguinte: ele é muito conciliador, muito preparado para ouvir. Não é mineiro, mas tem horas que parece ser, porque tem facilidade para sentar e escutar. Mas ele tem um conhecimento do Estado que eu admiro. Sabe todo o funcionamento de cada Pasta, onde está funcionando e onde precisa melhorar. Engana-se aquele que acha que ele não tem o comando. Tem o comando, sim, e está preparado para fazer os ajustes necessários para zerar este déficit. Porque Mato Grosso tem um déficit, não foi ele quem criou, isso aí vem de longe.



Diário - E quantos às afirmações de que os problemas enfrentados este ano teriam vindo da gestão Blairo Maggi (PR), o senhor concorda?

Romoaldo - Eu acho que o problema vem de longe. O problema de Mato Grosso vem desde a criação. Só que ele se agravou, e muito, com a questão das cartas de crédito. O que acontece é o seguinte: você vem num pique de receita crescendo. A partir do momento em que você faz uma compensação de débito no volume em que foi feito, você deixa de arrecadar. A compensação, a meu ver, é um incentivo para as pessoas não pagarem o imposto. Isso porque na hora em que ele for autuada vai lá compra uma carta de crédito do servidor com o valor baixo e paga seu imposto. Isso não é dinheiro em caixa, só que ele sai. Quando você recolhe uma carta de crédito ela entra como receita, daí é preciso passar para a Assembleia, para o Tribunal de Justiça, para o Tribunal de Contas, para a Educação. Então, uma das determinações do governador foi suspender essas compensações. Agora, vai-se fazer um estudo para encontrar uma maneira de paralisar isso definitivamente, não aceitar mais compensação, porque ela serve de estímulo ao mau pagador.



Diário - Qual a sua avaliação do primeiro ano do governo Silval?

Romoaldo - Acho que o governo teve um primeiro ano muito conturbado em questão disso que eu falei. Essa questão dos ajustes, dos escândalos que estouraram, como da Agecopa, dos maquinários, das cartas de crédito, das Land Rovers... O ano se ateve muito a isso. Só que todos esses problemas não foram gerados no governo Silval. Foram herdados, e todos eles o governador soube administrar. Nenhum ficou escondido embaixo do tapete. Ele mandou investigar. Por exemplo, as cartas de crédito, mandou fazer auditoria. O do maquinário também está ai. Tudo que precisou ele foi solidário. Então não foram no governo dele, apenas estouraram nele. Vieram de gestões anteriores. Tudo isso atrapalhou, não tenha dúvida, mas o governo andou. O Estado está crescendo, as estradas estão sendo asfaltadas, as obras da Copa começaram a andar e mais de 19 mil casas populares inauguradas. O Silval fez o papel dele. Tanto, que o governo federal até autorizou refinanciar no BNDES o programa Mato Grosso Urgente, o VLT, ou seja, estamos com crédito. Agora tem que fazer um ajuste do dia-a-dia, equilibrar receita com a despesa, e ele não vai conseguir sozinho. Vai precisar do apoio dos poderes.



Diário - Como vai ser esta conciliação entre os financiamentos para a Copa e o corte de gastos?

Romoaldo - Financiamento tem uma margem de carência e o corte de gastos é a receita do dia. Não dá para gastar mais do que se arrecada, por isso o combate à evasão fiscal para aumentar a receita e um corte de gastos para reduzir as despesas.



Diário - O senhor falou de escândalos. Quanto ao caso Empaer, que tramita no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) contra o governador, ele ainda é um escândalo que tem repercussão ruim?

Romoaldo - Acho que esse é um caso passado. A Justiça vai decidir, mas já está provado que o governador não fez uso eleitoral da máquina neste período. Ele fez uma reunião de trabalho e logo depois teve uma reunião política, mas não teve relação. Isso é coisa do passado, feijão requentado.



Diário - O governo passou também pela denúncia de suposta fraude na Matriz de Responsabilidade da Fifa, quando houve a troca de BRT para VLT. Como o senhor avalia este caso?

Romoaldo - Aquilo ali foi um movimento da imprensa nacional contra Mato Grosso. O governo tinha autorização para fazer um BRT, que era um sistema mais barato, porém atrasado, e fez a opção pelo VLT, mais moderno e que, com certeza, vai atender muito bem a Capital, só que mais caro. Não teve superfaturamento. É mesma coisa de chegar a uma loja e querer comprar um fusquinha ou uma Mercedes. Claro que a Mercedes é mais cara. Quando o governo fez a troca denunciaram que estava superfaturado em R$ 700 milhões. É um desserviço para Mato Grosso quem acreditar nesta história. Acho que Cuiabá merece o VLT e se a Caixa Econômica Federal aceitar, o governador vai financiar a obra e vai fazer.



Diário - E quanto ao refinanciamento da dívida do Estado com a União? O que ainda precisa ser feito?

Romoaldo - O governador vai voltar a trabalhar nisso e ela é também uma das alternativas para se ter um superávit. Agora, depende de uma decisão do governo federal. A parte de Mato Grosso foi toda feita: os estudos técnicos.



Diário - Quanto ao PMDB, como está a organização do partido para as eleições de 2012?

Romoaldo - O partido está se aglutinando. O presidente Carlos Bezerra está fazendo um trabalho muito bom em todos os municípios. Devemos dobrar o número de prefeitos este ano. Passar a contar com 32 a 35 prefeitos. Lógico que a gente vai respeitar a base aliada e onde a candidatura de outros partidos, como o PSD, PT, PR, possuir melhores nomes vamos tentar a composição. O governador faz questão de manter a base aliada e respeitar isso.



Diário - O partido sai mais fortalecido por ter o governador?

Romoaldo - Sai fortalecido! A figura do governador é muito importante, mas tem que controlar o ego e as vaidades dos nossos candidatos. Onde os partidos da base aliada estiverem melhor, precisamos apoiar. Nos lugares em que não houver uma unidade partidária dificilmente o governador estará no palanque.



Diário - E o senhor tem sido cotado ao cargo de prefeito de Alta Floresta? Pretende se candidatar?

Romoaldo - Tenho voto expressivo. Graças a Deus, estou em primeiro lugar, mas não sou candidato. Lá, o PMDB tem três nomes e nós vamos montar um critério. Em março devemos escolher através de pesquisa quem vai ser o candidato.



Diário - Por que o senhor descarta essa possibilidade?

Romoaldo - Eu fui prefeito. Tive uma experiência muito gostosa, mas hoje tenho um compromisso com a região toda, que é minha base eleitoral. Vou manter os quatro anos de mandato e ajudar o governador aqui. Ele tem um desafio pela frente. É um momento ímpar para Mato Grosso, de crescimento e de desenvolvimento. É a primeira vez que tem um governador do norte. É um governador que tem esse desafio de fazer uma Copa do Mundo. E um governador que eu conheço, sei das intenções e do que ele quer de bom para Mato Grosso.



Diário - E como o senhor avalia essa “onda” de deputados que já pensam em deixar os cargos para disputar a prefeitura?

Romoaldo - É normal! Eu acho que todo homem que tem vida pública, vereador, deputado, quer ser prefeito da sua cidade um dia. Acho que o Nilson Santos, por exemplo, tem tudo para ser um grande prefeito em Colíder; o Wallace Guimarães, a mesma coisa em Várzea Grande. O Percival Muniz já provou que foi um grande prefeito em Rondonópolis. O Legislativo te ensina muito e a Assembeia é uma escola maravilhosa.




Fonte: Do DC

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