Incentivar a economia, aproximar o país da União Europeia e lidar com as disputas étnicas entre muçulmanos, sérvios e croatas são apenas três das complicadas tarefas apresentadas ao novo primeiro-ministro da Bósnia, Vjekoslav Bevanda, nomeado 15 meses depois das eleições gerais.
Os observadores políticos consultados pela Agência Efe apostam pela capacidade de mediação do novo chefe de Governo, um economista de profissão considerado moderado, honesto e correto.
Sua nomeação no Parlamento aconteceu na quinta-feira, 15 meses depois das eleições e após numerosos debates e divergências entre os principais partidos das comunidades muçulmana, sérvia e croata.
O que Bevanda pode fazer como primeiro-ministro "é melhorar a coordenação com os Governos das entidades, que por sua vez cumprem em 75% os compromissos com a União Europeia (UE)", declarou a analista Natasa Krsman.
Ela lembrou que o novo chefe do Governo central tem um plano para melhorar o ambiente para os investimentos, e que "esse é o máximo que pode fazer o Conselho de Ministros, se o Parlamento respaldar suas propostas".
"É o que necessitamos, uma pessoa com capacidade de dialogar, encontrar um denominador comum, pessoa de compromisso, e que ao mesmo tempo seja competente, um especialista em economia e finanças", comentou o analista Asim Metiljevic.
Embora ele acredite que Bevanda terá uma incumbência difícil para formar o Gabinete que nos próximos meses deverá se encarregar das reformas reivindicadas pela UE, Metiljevic se mostrou confiante de que "acontecerão avanços importantes", e que após a aprovação de novas leis, a Bósnia poderá obter o status de candidato à adesão comunitária.
"Tenho certeza também que iremos rápido em direção a Otan, mais que o esperado", considerou.
A nomeação do bósnio-croata Bevanda foi um processo longo e tortuoso, infestado de debates infrutíferos e tentativas de acordo.
O apertado resultado eleitoral e o complicado sistema político obriga a uma repartição de ministérios entre sérvios, croatas e muçulmanos, e um pacto que os partidos políticos alcançaram finalmente em dezembro.
Se o acordo for consolidado, será a primeira vez desde o fim da guerra que os políticos do país chegam a um consenso sem uma rotunda mediação internacional.
A aproximação da Europa, um dos objetivos essenciais, passa por uma reforma constitucional que agilize o funcionamento de um país dividido em dois organismos autônomos, o sérvio e o muçulmano-croata, com Governo e Parlamento próprios e independentes das instituições centrais.
Essa estrutura, à qual se unem 10 organismos municipais e um distrito autônomo, gerou uma Administração tão grande que na Federação muçulmano-croata é utilizado 47% do Orçamento, enquanto as verbas para infraestrutura quase não são 10%.
Essa reforma, congelada há quatro anos, é uma exigência de Bruxelas, que insiste que para uma futura entrada na UE é indispensável acabar com as constantes divergências entre os líderes das três comunidades, que bloqueiam qualquer reforma.
Além disso, a Bósnia se encontra na situação econômica mais difícil desde o fim da guerra em 1995, com uma crescente taxa de desemprego de 46% e um salário médio de cerca de 400 euros.
Assim, uma das prioridades do novo Governo deveria ser a aprovação do Orçamento de 2012 e iniciar medidas que estimulem o crescimento econômico e o emprego.
O terceiro dos grandes desafios do novo primeiro-ministro é a luta contra a corrupção, que o próprio Bevanda classificou como o "principal obstáculo" à aplicação de uma política efetiva.
Parte desse problema é o grande poder que os diferentes partidos e elites políticas acumulam, que são as que verdadeiramente controlam o funcionamento do país acima inclusive do próprio Governo.
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