O delegado Leonel Carivalli, da 1ª Delegacia Regional Metropolitana do Rio Grande do Sul, prestou depoimento na noite desta quinta-feira (12) na sede da Corregedoria-Geral da Polícia Civil, em Porto Alegre, alegando legítima defesa ao justificar o disparo que matou um empresário paranaense mantido refém em Gravataí, na Região Metropolitana do RS.
O incidente ocorreu no dia 21 de dezembro de 2011. No início desta semana, uma investigação do Instituto Geral de Perícias (IGP) da Polícia Civil do estado concluiu que o disparo havia sido efetuado pela arma do delegado.
"Segundo o delegado, um indivíduo desce de trás do carro e se volta em direção a ele com uma arma na mão. Nesse momento, ele diz que teria ouvido um estampido e atirou", relatou o delegado Paulo Rogério Grillo, que comanda a investigação em entrevista coletiva após o depoimento de Carivalli.
A operação que resultou na morte do empresário foi realizada em conjunto entre as polícias do Paraná e do Rio Grande do Sul. Na madrugada anterior, o sargento da Brigada Militar Ariel da Silva, 40 anos, foi morto por policiais civis paranaenses que haviam chegado a Gravataí para apurar o caso de sequestro.
Os suspeitos da morte do oficial devem chegar a Porto Alegre na noite da próxima terça-feira (17) para participar da reconstituição da cena do crime. Eles já haviam estado na capital gaúcha para prestar depoimento sobre o caso. Segundo Grillo, as investigações apontam que Ariel foi atingido por quatro disparos e que atirou duas vezes contra o carro onde estavam os policiais do Paraná.
Entenda o caso
- O sargento Ariel da Silva, 40 anos, foi morto a tiros por volta de 1h30min da madrugada de 21 de dezembro por policiais civis do Paraná que investigavam um caso de sequestro no Rio Grande do Sul. Silva estava em sua moto indo visitar o pai doente quando avistou o carro com os três integrantes do Grupo Tigre, unidade de elite da polícia do PR. De acordo com depoimento dos policiais, Silva abordou o carro armado e disparou primeiro. Os policiais paranaenses reagiram e mataram o sargento.
- A assessoria de imprensa da Polícia Civil do Paraná informou ao G1 que o contato com as autoridades do Rio Grande do Sul seria feito na manhã de quarta-feira (21) por outra equipe que se deslocava ao estado para o mesmo caso. O chefe de polícia do Rio Grande do Sul, delegado Ranolfo Vieira Junior, confirmou que não havia sido avisado.
- Os três policiais paranaenses prestaram depoimento em Gravataí e foram liberados. Horas depois, a Justiça decretou a prisão dos agentes, quando eles já estavam em deslocamento para Curitiba. Segundo o promotor André Luís Dal Molin Flores, eles não teriam apresentado argumentos convincentes sobre o episódio.
- A Polícia Civil paranaense emitiu uma nota lamentando o fato. O texto afirmava que as investigações prosseguem, mas que os três envolvidos no crime foram afastados por apresentarem "condições psicológicas abaladas".
- Outra equipe do Grupo Tigre veio ao Rio Grande do Sul. No início da tarde de quarta (21), policiais civis de Gravataí, com base informações repassadas por esses agentes, faziam buscas na cidade na tentativa de libertar os dois empresários que eram mantidos reféns. Ao encontrarem o cativeiro, os policiais flagararam os sequestradores saindo da casa e houve tiroteio. Um dos reféns foi morto.
- No início da noite, o delegado Leonel Carivali, da 1ª Delegacia Regional Metropolitana, disse em entrevista coletiva que a ação que resultou na morte de um empresário foi comandada por policiais gaúchos e não teve a participação direta dos agentes paranaenses.
- Os reféns vieram de Quatro Pontes (PR) ao Rio Grande do Sul atraídos por uma oferta falsa de venda de uma máquina agrícola com preço abaixo do mercado. De acordo com a polícia, quando chegaram a Porto Alegre, foram rendidos por uma quadrilha de sequestradores formada por gaúchos e paranaenses.
- Em depoimento, o empresário que sobreviveu confirmou que os disparos que atingiram e mataram o outro refém teriam partido da própria polícia. Segundo ele, os sequestradores estavam armados, mas não atiraram.
- Três agentes da Polícia Civil do RS que participaram da operação foram afastados. Uma reunião entre governador do RS, Tarso Genro, e a cúpula da Polícia Civil gaúcha no Palácio Piratini, no dia 23 de dezembro, determinou que a Corregedoria da Polícia Civil do estado investigaria o caso.
- Os três agentes do PR foram a Porto Alegre e prestaram depoimento à Corregedoria em 27 de dezembro. Eles ficaram detidos na carceragem do Grupamento de Operações Especiais (GOE), da Polícia Civil gaúcha, em Porto Alegre. O autor dos disparos contra Ariel alegou legítima defesa.
- No dia 29, a Justiça autorizou a transferência dos suspeitos para o Paraná, onde ficariam recolhidos junto ao Grupo Tigre. Eles seguem à disposição da Justiça, da Corregedoria de Polícia e do Ministério Público gaúchos
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