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Quinta - 24 de Outubro de 2013 às 08:31

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João Arcanjo cumpre pena na Penitenciária Federal de Porto Velho, (RO) (Foto: Reprodução/TVCA)
João Arcanjo cumpre pena na Penitenciária Federal de Porto Velho, (RO) (Foto: Reprodução/TVCA)

Onze anos depois, o caso da morte do empresário Domingos Sávio Brandão de Lima Junior, assassinado a tiros em frente à sede de seu jornal em Cuiabá, deve ganhar desfecho final de julgamento nesta quinta-feira (24). O acusado de mandar matar a vítima, João Arcanjo Ribeiro, 62 anos, considerado ex-chefe do crime organizado em Mato Grosso, enfrentará júri popular pelo crime a partir das 8h [horário de Mato Grosso], no Fórum da capital. Ele é o único dos cinco denunciados pelo Ministério Público Estadual pela morte de Sávio Brandão, em setembro de 2002, que ainda não foi julgado.

O G1 vai acompanhar em tempo real a audiência e os internautas vão poder conferir a cobertura completa do julgamento do caso , com equipe de jornalistas trazendo as últimas informações de dentro e de fora da Comarca de Cuiabá.

De acordo com o Tribunal de Justiça do Estado (TJMT), não há previsão do horário de encerramento do julgamento, que poderá se estender até esta sexta-feira (25). Oito testemunhas devem ser ouvidas pelo juiz Marcos Faleiros, da Primeira Vara Criminal, que é quem vai presidir o júri, sendo quatro de defesa e quatro de acusação. Foram arrolados para a defesa: Ronaldo Neves Costa, pai de Izabella Brandão, viúva de Sávio, Maria Luiza Clementino de Souza, jornalista e ex-funcionária da empresa de comunicação da vítima, Edimar Pereira Braga, citado no processo como ex-policial, e Saulo Aparecido Pavan da Silva, também ex-funcionário do veículo de comunicação.

O Ministério Público do Estado (MPE), representado pelo promotor João Gadelha, relacionou como testemunhas de acusação o atual senador Pedro Taques, que na época do crime era procurador da República no estado, o delegado Luciano Inácio, responsável pela investigação do crime, Luiza Marília de Barros Lima, irmã de Sávio, e Ciro Braga Neto, então diretor do Jornal Folha. O último, conforme o MPE, foi ouvido por carta precatória.

No processo pelo qual enfrenta o júri, João Arcanjo responde por homicídio duplamente qualificado - motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima. A reportagem tentou ao longo da semana contato com o advogado Zaid Arbid, que atua na defesa de Arcanjo, mas a informação repassada pelo escritório dele é de que estava em viagem.

Os autos do processo sobre a morte de Sávio Brandão compõem 26 volumes e voltou a tramitar na Justiça Estadual após determinação da ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Laurita Vaz, que em 2011 designou o julgamento imediato de Arcanjo suspendendo ainda a autorização de recurso de defesa, para evitar que a ação fosse protelada no judiciário.

Entenda melhor o caso
Foi às 15h15 do dia 30 de setembro de 2002 que dois homens em uma moto pararam próximo ao empresário Sávio Brandão, que estava acompanhado de um amigo em frente à sede do jornal Folha do Estado, no Bairro Consil. Um deles, na garupa, sacou uma pistola e disparou os tiros à queima roupa. A polícia aponta que a execução do empresário ocorreu devido às reportagens veiculadas no jornal de Sávio sobre negócios fraudulentos, irregularidades e jogatina ilegal que envolvia o então bicheiro João Arcanjo Ribeiro.

Na edição de 14 de maio de 2001, a Folha chamou o réu de “Al Capone de Mato Grosso”, por exemplo, conforme consta da denúncia do MPE. O inquérito que apurou o caso concluiu que a morte de Sávio foi executada em etapas e envolveu pelo menos cinco pessoas: João Arcanjo Ribeiro, Hércules Araújo Agostinho, Célio Alves, João Leite e Fernando Barbosa. Ainda segundo a investigação, João Leite teria contratado o ex-policial militar Célio Alves que, por sua vez, chamou o ex-cabo Hércules e Fernando Belo para cometer o crime. Os autos do processo apontam que os dois últimos estavam na moto que se aproximou de Sávio no momento do assassinato e que Hércules foi o autor dos disparos. O ex-cabo em depoimento confessou a autoria do crime.

Assassinato de Sávio Brandão (Foto: Reprodução/TVCA)

Sávio Brandão foi morto a tiros em frente ao jornal Folha do
Estado, em setembro de 2002. (Foto: Reprodução/TVCA)

As investigações também apontaram que Célio e Hércules vigiavam constantemente os passos do empresário. Um ponto de observação foi montado próximo a uma garagem de uma das empresas de Sávio. De lá, os suspeitos monitoravam os passos da vítima. O detalhe é que em um desses momentos um aviãozinho de papel foi feito por Hércules e deixado caído no chão. Peritos encontraram o papel e o laudo técnico revelou haver impressões digitais do ex-cabo da PM, o que comprovaria envolvimento dele no crime.

Prisões e condenações
Hércules e Célio foram presos e, dois meses depois do crime, foi decretada a prisão de João Arcanjo Ribeiro. Em seguida, foi decretada a prisão de Fernando Belo Barbosa, preso na Itália, pela Interpol, no dia 7 de outubro de 2003 e extraditado para Mato Grosso. Em 2004, o ex-segurança João Leite foi preso em Mato Grosso do Sul. Todos, com exceção de Arcanjo, já foram julgados e condenados pelo crime.

Célio foi condenado a 17 anos de prisão pelo crime e, Hércules, a 18 anos. João Leite foi condenado a 15 anos de prisão pelo homicídio. Fernando Belo, também foi condenado a 13 anos de reclusão, mas conseguiu na Justiça a liberdade condicional. Fora da prisão, Fernando Belo acabou assassinado a tiros em 2010, no bairro Doutor Fábio, em Cuiabá.

Prisão no Uruguai e extradição
João Arcanjo Ribeiro foi preso em 2003 em Montevidéu, no Uruguai, depois que foi deflagrada em Mato Grosso a operação Arca de Noé, para desarticular o crime organizado no estado. Ele foi extraditado para o Brasil por determinação do juiz Julier Sebastião da Silva, em 2006, e atualmente está preso na penitenciária federal de Porto Velho (RO).

O acusado cumpre, atualmente, pena por sonegação fiscal, formação de quadrilha, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro, cujos processos são decorrentes da Justiça Federal. Ele foi sentenciado a 19 anos e quatro meses de reclusão pelos crimes.

Outros crimes
Arcanjo é acusado ainda pelo Ministério Público de ter mandado matar os empresários Rivelino Brunini, Fauze Rachid Jaudy e Mauro Manhoso, o cabo da PM Valdir Pereira, e Leandro dos Santos, Celso Borges e Mauro Moraes, que teriam assaltado uma das bancas de jogos de bicho da Colibri.





Fonte: Do G1 MT

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