Sávio foi a última entre 8 vítimas de Arcanjo
Oito vítimas fatais, 1 réu e 13 anos sem condenação. Este é o cenário que começa a ter fim amanhã (24), data em que João Arcanjo Ribeiro, 62, será julgado pela morte do empresário Domingos Sávio Brandão de Lima Junior, a última vítima fatal que teria como mandante o “Comendador”.
Além de ser acusado de encomendar a morte de Sávio, de acordo com o Ministério Público do Estado (MPE) Arcanjo também possui participação nos assassinatos de Mauro Sérgio Manhoso, Rivelino Jacques Brunini, Fauze Rachid Jaudy, Valdir Pereira, Leandro Gomes dos Santos, Celso Borges, Mauro Celso de Moraes.
Há ainda uma tentativa de homicídio contra Gisleno Fernandes. Todos os delitos foram registrados entre os anos 2000 e 2002, em Cuiabá e Várzea Grande.
A determinação pela data do julgamento sobre a morte de Sávio foi dada pela titular da 1ª Vara Criminal de Cuiabá, juíza Mônica Catarina Perri Siqueira, no dia 16 de setembro deste ano. De lá para cá, as testemunhas arroladas pela defesa de Arcanjo e as que integram o rol do Ministério Público Estadual (MPE) foram intimadas.
A morte do empresário foi registrada em 30 de setembro de 2002, no bairro Consil, em Cuiabá. Conforme denúncia, foram efetuados 10 disparos, dos quais 7 atingiram a vítima nas regiões torácica, cabeça, nuca e abdome.
Os ferimentos foram a causa da morte instantânea. Os tiros de pistola 9mm foram disparados pelo ex-policial militar Hércules de Araújo Agostinho, na época conhecido como “Cabo Cadáver” ou “Cabo Defunto”.
Informações repassadas pelotitular da 1ª Promotoria de Justiça Criminal, João Augusto Veras Gadelha, destacam que a morte de Brandão já estava marcada para acontecer desde 2001. “O assassinato tinha como primeiro endereço o Rio de Janeiro. Na época, o militar José Jesus de Freitas, conhecido como “Sargento Jesus” e que era braço-direito de Arcanjo, havia chamado Hércules para cometer o crime. Ele (Hércules) acabou negando a empreitada, pois não conhecia ninguém no Rio de Janeiro. Esse tipo de situação, era comum acontecer nessa época.
Pistoleiros de outros estados vinham para Mato Grosso contratados para matar e os que residiam no Estado eram chamados para crimes em outros destinos”.
O fato é que a negativa de Hércules em aceitar o “serviço” não fez com que o pedido fosse encerrado e em setembro do ano seguinte, Sávio Brandão foi morto em plena luz do dia. Além de Hércules, Fernando Barbosa Belo, Célio Alves de Souza e João Leite participaram diretamente do grupo responsável por assassinar o empresário. Conforme os autos, o “Cabo Cadáver” foi o responsável por realizar os disparos; Belo foi a pessoa que conduziu a motocicleta que levou Hércules até o local do
crime.
Célio Alves foi a “sombra” de Brandão durante os dias que antecederam o homicídio. Ele monitorou os passos e orientou a dupla (Hércules e Belo) no dia do crime. João Leite é tido como o agenciador e intermediador do caso. Sempre próximo de Arcanjo, foi ele o articulador para a contratação do grupo.
Documentos revelam que a morte de Brandão custou R$ 85 mil. De todos os envolvidos, somente Arcanjo não sentou no banco dos réus.
Homicídios - O primeiro assassinato, que João Arcanjo figura como mandante, aconteceu em 9 de outubro de 2000. A vítima, Mauro Sérgio Benedito Manhoso, foi morta ao lado da atual sede da Câmara Municipal de Cuiabá. Manhoso foi assassinado com 9 tiros, que teriam sido disparados por Célio Alves que estava na garupa da moto dirigida por Hércules. O motivo do crime: Manhoso era proprietário da empresa Prodados, que desenvolvia sistemas para sorteios eletrônicos e bingos. Segundo denúncia do MPE, o empresário vinha montando um sistema de jogos denominado “raspadinha”, fazendo concorrência aos jogos ilegais do “Comendador”.
O crime seguinte aconteceu em Várzea Grande. No dia 15 de maio de 2001, Leandro Gomes dos Santos, Celso Borges e Mauro Celso Ventura de Moraes, foram assassinados nas imediações do bairro São Mateus. Conforme denúncia, os adolescentes foram mortos, pois teriam furtado cerca de R$ 500 de uma das bancas de jogo do
bicho de Arcanjo.
O caso ainda contou com a participação de Célio Alves de Souza, Hércules de Araújo e João Leite. A expectativa, conforme encaminhamentos judiciais, é de que Ribeiro também sente no bando dos réus devido a este crime.
No dia 6 de junho de 2002, Rivelino Jacques Brunini e Fauze Rachid Jaudy Filho foram assassinados na Capital. Na mesma data, Gisleno Fernandes também estava no local e foi atingido por 2 disparos. Conforme investigações, Rivelino era sócio da empresa Mundial Games, concessionária de máquinas caça-níqueis da organização criminosa chefiada por João Arcanjo Ribeiro. Na época, o “Comendador” explorava com exclusividade o ramo de jogos eletrônicos em Mato Grosso. Apesar disso, Brunini associou-se a um grupo do Rio de Janeiro, que pretendia acabar com o monopólio de Ribeiro. O fato teria motivado a encomenda da morte de Brunini. Fauze e Gisleno foram atingidos apenas por estarem na companhia da vítima principal.
Antes da morte de Brandão, o ex-vereador de Várzea Grande, Valdir Pereira, foi assassinado. O caso foi registrado em 7 de agosto de 2002 e mais uma vez a causa do crime estava ligada aos negócios envolvendo os jogos de azar. A mando de Arcanjo, segundo o MPE, Célio, Hércules e José de Barros, agenciados por João Leite, armaram emboscada em frente à residência do parlamentar. Edmilson Pereira, que também consta no processo, teria sido o responsável por emprestar o carro utilizado durante
fuga do grupo.O assassinato foi motivado por disputa de pontos de exploração de jogos de azar.
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