O Ceará é um estado carente na oferta de locais e profissionais que tratam usuários de drogas e nem todos têm condições de pagar um acolhimento em clínicas de reabilitação, muitas das quais passam por dificuldades financeiras. No final de 2010, seis instituições assinaram um convênio com a prefeitura de Fortaleza para destinar 20 vagas para dependentes químicos.
O recurso é do Ministério da Saúde, por meio da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. No entanto, o diretor do Centro de Recuperação Nova Vida, Júnior Braga, reclama que a verba, R$ 1.152.000,00, já foi repassada pelo Ministério da Saúde. “De lá pra cá eles ficam mandando poucos internos e estão com pagamento atrasado por cinco meses”, afirma Júnior.
A ideia do convênio é dar apoio para pessoas como Valério Feitosa, ex-morador de rua, mudarem de vida. “Além de eu estar me recuperando, eu estou deixando a sociedade em paz. Eu mexia muito no que era dos outros, praticava muita coisa ruim”, disse.
Os casos são encaminhados pelos Centros de Atenção Psicossocial a Dependentes de Álcool e outras Drogas (Caps-AD), um em cada região de Fortaleza. Qualquer pessoa pode se dirigir ao órgão em busca de ajuda, segundo a prefeitura.
Avaliação
Primeiro o dependente químico passa por uma avaliação feita por uma equipe de profissionais. Depois é integrada a um projeto terapêutico, o que inclui várias atividades. Quem precisa de desintoxicação vai para o hospital Santa Casa de Misericórdia. Quem precisa de internação, vai para uma das seis comunidades terapêuticas conveniadas com a prefeitura. Os demais, recebem acompanhamento no próprio Caps.
É o caso de Andréa Clóvis e José Valentim, que vão ao Caps todos os dias há cinco anos. “Antes eu era um alcoólatra , um mendigo. Bebia todos os dias. Eu estando aqui, fico resguardado de ter recaída e continuo meu tratamento”, disse Valentim.
Pouco divulgado
Apesar dos benefícios, o serviço ainda é pouco divulgado. Dados da prefeitura mostram que enquanto nos Caps tradicionais são atendidas cerca de 1500 pessoas por mês, nos Caps ADs são realizados em média 500 atendimentos mensais. A maior dificuldade é fazer com que os pacientes não abandonem o tratamento antes do fim.
Valério Feitosa, por exemplo, chegou a sair da instituição onde estava, voltou para a rua e teve recaída. Mas decidiu voltar ao Caps e pedir ajuda mais uma vez.
A coordenadora de saúde mental de Fortaleza, Rane Félix, diz que a própria resistência dos pacientes à internação pode explicar a grande quantidade de vagas ociosas nas instituições. Mas explica que mesmo nesses casos, a família pode procurar a instituição e ser orientada sobre o que fazer.
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