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Domingo - 01 de Janeiro de 2012 às 13:31

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Edivaldo de Sá/Repórter News

A Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso registrou 105 arrombamentos de terminais de auto-atendimento em 2011, contra 118 ataques em 2010. Foram treze a menos, representando queda aproximada de 11%. A redução ainda é maior quando se comparada às duas modalidades praticadas pelos bandidos para retirar dinheiro: o maçarico e o explosivo.

Em 2011, os arrombamentos com o uso do maçarico caíram para 43%, em relação ao ano anterior. Em agosto, o Estado passou a registrar os primeiros casos de ataques com explosivos, fechando com 38 terminais dinamitados. O maçarico foi à primeira ferramenta utilizada pelos bandidos para arrombar os caixas, desde o ano de 2008, quando foram registrados 14 casos. No ano seguinte ocorreram 31 ataques e a explosão se deu em 2010, quando a prática passou a ser dominada por dezenas de bandidos do Estado e de outros, que atuam em Mato Grosso nos arrombamentos.

As ocorrências de arrombamentos de caixas eletrônicos estão centralizadas na Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO). Para a delegada adjunta, Ana Cristina Feldner, os bandidos que atuam no segmento criminoso não agem somente no seu Estado. A medida que se tornam conhecidos da polícia, passam a migrar para outros estados. "Uma prova disso é a quantidade de infratores daqui detidos em outros estados", destaca.

Assim como eles migram para outras regiões, o Estado também passou a receber bandidos de outras localidades. "Eles migram, há um intercâmbio entre eles. Até porque os rostos deles passam a ser muito conhecido no local. Então isso vai dificultando a ação deles aqui. Em razão disso é que vão fazendo a migração para outros estados", explica à delegada.

A Gerência de Combate ao Crime Organizado mantém um banco de dados completo de vários suspeito de atuarem na modalidade criminosa. As informações são trocadas com as polícias de outros estados e isso tem possibilitado a prisão de bandidos em várias regiões. "Em Mato Grosso como já temos mapeado e o todos os policiais já sabem que atua, pois já são "figurinhas" carimbadas, tanto para a Polícia Civil quanto para a Polícia Militar, no caminho, nos atos preparatórios muitos já foram interpelados, mas sem o flagrante fica difícil mantê-los presos", explica Feldner.

Os bandidos também seguem as tendências criminosas. Da mesma forma que há comunicação entre polícias, no crime há também troca de informações e de material. Os explosivos que começaram no Nordeste, foi difundido no Sul e depois passou a ser utilizado em grande escala em São Paulo, já eram esperados em Mato Grosso. "Era uma modalidade que a gente estava aguardando a migração. Isso se dá em razão da logística do maçarico envolver mais pessoas e mais tempo para execução do crime. O que coloca em risco ainda mais o momento deles serem pegos", disse a delegada.

Numa ação com uso de maçarico, os bandidos saem carregando grande quantidade de material, comumente deixada nos locais atacados, como lona preta para tampar os vidros em razão da fumaça e do fogo que saem do maçarico, garrafa com água para resfriar porque há risco de explosão. O tempo da execução é de 2 a 3 horas, para se cortar as chapas, retirar a gaveta e pegar o dinheiro.

Enquanto com o uso de dinamite essa atuação cai para 3 a 4 minutos. "O risco com o uso do explosivo é bem menor e o material transportado é somente o explosivo e o detonador", salienta. "A logística ficou muito mais fácil, o envolvimento de pessoas, o transporte para atividade criminosa e menos risco durante a ação. Em razão disso, torna-se mais fácil e mais lucrativo para eles", complementa Feldner.

Os explosivos usados nos caixas eletrônicos são fruto de roubos de cargas ou desvios de empresas que trabalham com o material. Porém, no Estado de Mato Grosso, que registrou três roubos em duas empresas, os explosivos levadas não foram identificados seu uso nas ocorrências registradas no Estado.

Uma parte do material roubado foi apreendida na residência de um suspeito de envolvimento de roubos/furtos de caixas. O restante das cargas não foi identificado a utilização do material. "A investigação já aponta que esses explosivos teriam sido encaminhados para a Bahia e interior de São Paulo. Realmente lá aumentou em muito os índices", disse Feldner.

Conforme a delegada, assim como os bandidos recebem explosivos de outros estados para efetuar os roubos aqui, o material roubado no Estado também é levado para outras regiões. "A quantidade de explosivos roubados em Mato Grosso hoje é equivalente a quantidade de explosivos utilizados para implodir o presídio Caramdiru", compara à delegada.

O uso do material é controlado pelo Exército Brasileiro e apenas algumas empresas, como as pedreiras, por exemplo, estão autorizadas a detonar dinamites. De acordo com a delegada Ana Cristina Feldner, o Exército Brasileiro está procurando mudar a legislação e também as normas de segurança e de controle de explosivos. "Hoje já não é mais prático. A polícia aprova e elogia, e entende com medida pró-ativa essa atitude do Exército no combate ao crime", frisa Ana Cristina.

Conforme a Polícia, nas primeiras ocorrências com explosivos, assim como aconteceu com o maçarico, o dinheiro acabava todo queimado. Muitas das ocorrências ficaram na base de tentativas sem sucesso para os bandidos, mas com prejuízo material aos estabelecimentos onde o terminal estava instalado. "É preciso now-hall. Também houve muito dinheiro queimado, explosão que destruiu o local e o caixa não foi destruído porque colocavam do lado externo. Até eles pegarem a prática, houve insucesso da mesma forma", finalizou a delegada.

Diferente do maçarico e seus apetrechos, guardar e transportar explosivo é crime, com pena de 3 a 6 anos de reclusão.






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