Médicos se demitem e 300 mil ficam sem atendimento
Médicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da região Sul decidiram em assembléia, realizada na noite de quinta-feira (29), pedir demissão em massa a partir de 1º de janeiro. Após cumprir o prazo de 30 dias de aviso prévio, embora sem necessidade, pois a contratação deles não é regida por contrato de trabalho, os médicos devem deixar de atender a partir de fevereiro.
A decisão radical pode atingir uma população de pouco mais de 300 mil pessoas em Rondonópolis, Jaciara, Campo Verde e Primavera do Leste. Pacientes das três últimas cidades são regulados pela central do Samu, em Rondonópolis, e a partir de janeiro devem passar a ser regulados pelas próprias prefeituras locais. Dos 15 médicos do Samu, um já tinha deixado o serviço por mudança de cidade, três pediram demissão anteriormente e os demais decidiram acompanhar os colegas.
Um documento elaborado pelo Sindicato dos Médicos será entregue a prefeitura comunicando a decisão dos profissionais da medicina. A decisão pode ser revertida caso o poder público garanta, com urgência, a estrutura de trabalho necessária. Mais do que a questão salarial ou a falta dos direitos trabalhistas, os médicos reclamam das más condições das ambulâncias, alojamento e da sala de atendimento, e criticam a existência de apenas uma linha telefônica do serviço 192 para atender quatro municípios.
“Deram uma gratificação de 30%, uma parcela única de abono, mas não é esse o nosso foco. Desde setembro estamos esperando as promessas de melhorias no Samu e até hoje nada foi feito, agora prometem de novo e nada acontece. Não dá para esperar. O prefeito não chama para conversar e quando houve reunião, ele saiu no meio das discussões”, reclamou o médico demissionário Hermógenes Ferreira de Oliveira.
Outro lado
O coordenador do Samu em Rondonópolis, Adriângelo Magalhães, diz que ainda não foi notificado da decisão dos médicos. Apenas na segunda-feira (02) de janeiro, os serviços administrativos serão retomados. “Tudo o que sei, vi pela imprensa, não fui comunicado oficialmente de nada”.
O prefeito de Rondonópolis, Zé Carlos do Pátio (PMDB), havia comentado com a reportagem do Olhar Direto que os médicos do Samu colocam apenas a prefeitura de Rondonópolis como foco das reclamações. “Nossa obrigação é custear 25% do serviço. Outros 25% são de responsabilidade do Estado e outros 50% o Ministério da Saúde. Estamos aplicando 35% no Samu, reformando três ambulâncias, compramos equipamentos, construção da nova central de regulação. Precisamos que o governo federal cumpra o seu papel”.
Ele também ponderou que não é justo apenas a prefeitura de Rondonópolis suportar todas as despesas, já que o serviço também atende outras cidades da região Sul. Pátio informou ainda que o repasse de novas ambulâncias é de competência do governo federal a cada três anos ou a cada 3 mil quilômetros rodados.
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