Levantamento mostra que taxa de ocupação pode baixar a 43% em 2015
Esvaziamento pós-Copa 2014 preocupa setor hoteleiro
O receio de que a taxa de ocupação dos hotéis em Cuiabá, atualmente em 70%, baixe para apenas 43% em 2015, logo após a Copa do Mundo de 2014, fez com que o Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares procurasse o governo do Estado.
O objetivo é buscar alternativas para que os investimentos que estão sendo feitos agora não sejam jogados foram depois do mundial de futebol. Para que se tenha uma ideia, apenas em 2012 está prevista a inauguração de mais seis hotéis.
Atualmente, em Cuiabá, são 70 hotéis já em funcionamento, com 7.920 leitos. Em 2014, a previsão dos projetos já aprovados, é que haja 91 hotéis, com 14.254 leitos disponíveis. Quase o dobro dos apartamentos atuais.
De acordo com Paulo Nigro, presidente do SHRBS-MT, a alternativa seria adequar estes hotéis para atender a demanda de cidades turísticas do entorno da capital. "Deveriam dar suporte a cidades como Chapada dos Guimarães, Nobres, Poconé. Enfim, cidades que hoje em dia não tem estrutura nenhuma para atender aos turistas", opinou.
O levantamento feito pelo Sindicato foi encaminhado à Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) e ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Para Nigro, evitar os leitos ociosos após a Copa de 2014 depende muito mais do governo, do que dos empresários.
"Não adianta querer investir e ser barrado depois pela Sema, Ibama, promotores do meio ambiente. O governo tem que trabalhar para isso junto aos empresários. Nossas cidades turísticas estão uma vergonha. Usar os hotéis para dar suporte seria a melhor alternativa", afirmou.
O MidiaNews conversou também com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Mato Grosso (ABIH-MT), Luiz Verdun. Em 2009, o empresário já havia alertado sobre a possibilidade de o setor ter um "elefante branco" nas mãos.
"Vamos nos preparar para receber milhares de turistas durante um curto evento. Com muitos investimentos, deveremos dar conta do recado. E depois, o que faremos com tantos quartos vazios?", questionou na ocasião.
Dois anos depois, a preocupação toma conta dos dirigentes de associações de hotéis e empresários de outras cidades-sede da Copa no Brasil, como Belo Horizonte e Manaus.
O gerente do Hotel Diplomata, Rodrigo Verdun, fez um apelo por apoio do governo. "Hoje, os hotéis de Cuiabá e Várzea Grande estão com boa taxa de ocupação. Com os fortes investimentos nas duas cidades, receio que essa demanda vai cair para 52% após a Copa. Seria uma taxa limite altamente preocupante que colocaria em risco muitos empreendimentos", afirmou Rodrigo.
No entanto, para Paulo Nigro, a desocupação será ainda maior, chegando aos 43%. "Há outras opções como congressos e eventos. O carro chefe da rede hoteleira em Mato Grosso são os encontros de empresários e reuniões de negócios. Se conseguir melhorar o entorno e aumentar a captação de eventos, talvez consiga preencher parte dessa taxa de desocupação", disse.
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