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Sexta - 23 de Dezembro de 2011 às 07:42
Por: RENATA NEVES

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O secretário José Domingos Fraga disse que não está preocupado e conversou apenas sobre o seu trabalho na Pasta
O secretário José Domingos Fraga disse que não está preocupado e conversou apenas sobre o seu trabalho na Pasta
Escutas telefônicas feitas com autorização judicial a pedido da Delegacia Fazendária no celular do deputado Gilmar Fabris (PSD) revelam bastidores do governo. Em trecho de uma delas, feita no dia 3 de novembro, o secretário de Estado de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf), José Domingos Fraga (PSD), pede que o correligionário “dê uma batidinha” no secretário de Estado de Fazenda, Edmilson dos Santos.

As ligações interceptadas pela Polícia Civil foram efetuadas entre os dias 27 de agosto e 4 de novembro deste ano e tiveram como objetivo apurar o eventual envolvimento do deputado Gilmar Fabris (PSD), por meio de suposto tráfico de influência, no esquema que resultou na emissão irregular de cartas crédito, que veio à tona no dia 14 de dezembro, com a deflagração da operação “Cartas Marcadas”, desencadeada pela Polícia Fazendária.

A conversa entre Fabris e Fraga aconteceu no dia 3 de novembro, dias antes de o parlamentar retomar sua vaga na Assembleia Legislativa, ocupada até então pelo deputado Carlos Avallone (PSDB).

Durante o diálogo, José Domingos Fraga relata ao deputado dificuldade que estava enfrentando para conseguir a liberação de R$ 2 milhões resultantes de economia que teria conseguido em relação aos preços de referência da Secretaria de Estado de Administração (SAD) para a aquisição de insumos de fortalecimento da agricultura familiar.

Fraga diz ter firmado vários convênios com prefeituras do interior para a compra de equipamentos para agroindústria, que, juntos, somariam R$ 1.700, mas reclama que o governo bloqueou toda dotação orçamentária, inclusive os R$ 2 milhões que afirma ter economizado.

O secretário conta ainda que já havia se reunido com o próprio Edmilson dos Santos, além do secretário de Estado de Planejamento, José Botelho, e do presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Riva (PSD), para solicitar a intermediação dos mesmos a fim de conseguir a liberação dos valores.

Por fim, pede que Fabris intervenha junto a Edmilson para liberar o montante. “(...) eu fiz uma reunião com o Edmilson, reunião com o Riva, reunião com o Botelho que eles me liberem. Não precisa me liberar o resto do orçamento que eu tenho. Só me libere esses R$ 2 milhões. Com isso, eu honro os compromissos e chego até o final do ano e eu falei com o Edmilson e o Botelho eles vão ter reunião 16h. Eu queria que você desse uma ‘batidinha’ no Edmilson”, diz, em trecho da conversa.

Como resposta, Gilmar Fabris garante ao colega que irá bater nele. “Eu já vou bater nele, e outra coisa você já pode considerar (...)”, afirma. O restante do diálogo não foi disponibilizado pelo deputado.

A influência do parlamentar diante de agentes e servidores públicos é ressaltada pela Polícia Civil como indício que supostamente colaboraria para demonstrar seu envolvimento em esquema de emissão irregular de cartas de crédito pelo governo do Estado.

“Sua responsabilidade abrange basicamente em exercer seu poder enquanto parlamentar, no sentido de conduzir e influenciar positivamente os projetos de interesse do grupo, que dependam de intervenção política. Intervém junto a agentes e servidores públicos detentores de poder de decisão, buscando sempre facilidades no sentido de viabilizar o sucesso das negociações de créditos. Para demonstrar o poder de persuasão do deputado, até mesmo secretários de Estado recorrem à sua influência política para obter aprovações em seus projetos”, ressalta a polícia.

Por telefone, o secretário José Domingos Fraga disse que não tem com o que se preocupar, pois manteve contato apenas de forma esporádica com Fabris e somente para conversar sobre seu trabalho na secretaria. Por meio de sua assessoria, o secretário Edmilson dos Santos disse que não irá se pronunciar sobre o caso.




Fonte: Do DC

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