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Nacional
Domingo - 20 de Outubro de 2013 às 23:54

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Ordens para cometer atentados, para matar policiais e até crianças. É assim que age a quadrilha que comanda crimes de dentro das cadeias de São Paulo.

Domingo (13), o Fantástico mostrou a estrutura desse grupo. Novos detalhes da investigação do Ministério Público revelam a extrema violência desses bandidos.

A ordem para os bandidos que estão fora das cadeias é: “Aquele que vier a mexer com a nossa família terá sua família exterminada. Vida se paga com vida e sangue se paga com sangue”.

E para matar, roubar e vender drogas, eles têm um arsenal.

Gravação 1: Nóis têm é um monte de fuzil guardado.
Gravação 2: Nóis vai regaçar tudo, tio.

Uma violência que não conhece limites: "Falou que vai matar a família nossa e as crianças”.

O Ministério Público investigou, nos últimos três anos, os chefes da quadrilha que estão presos na penitenciária de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo.

Lá de dentro saem as ordens para os comparsas que estão nas ruas. Todos os criminosos são obrigados a seguir um estatuto, escrito em 2011, com regras bem definidas e repassadas por celular. Quem descumpre o estatuto paga com a vida.

Gravação: O preço da traição é a morte. Toda missão destinada deve ser concluída.

Roberto Soriano tem 36 anos. Seu apelido é Tiriça. Segundo as investigações, ele elaborou o estatuto da quadrilha.

Em novembro de 2012, Tiriça foi transferido para o presídio federal de Porto Velho. Em um telefonema com um comparsa, falou que tem uma carta na manga para 2014, que só vai ter a Copa do Mundo de futebol no Brasil se os bandidos quiserem; e que, se fosse preciso, contaria com ajuda de quadrilhas do Rio de Janeiro.

O estatuto da facção paulista menciona esse tipo de parceria criminosa.

Gravação: O crime fortalecer o crime. Esta é a ideologia.

Também está no estatuto: agentes penitenciários e policiais são inimigos.

Gravação: Já mandei matar uns cinco que eu sei que tem na quebrada. Pega mãe, pega tudo, truta. Pega filho, pega todos.

Na denúncia do Ministério Público consta que, em 2009, os criminosos mataram a tiros o agente Denilson Jerônimo. O assassinato foi em frente à casa dele, em Álvares Machado, no interior de São Paulo.

Denílson trabalhava na penitenciária de Presidente Bernardes, onde é aplicado o RDD, o Regime Disciplinar Diferenciado, o mais rígido de São Paulo.

Depois do assassinato do agente, um ex-integrante da quadrilha revelou à polícia quem cometeu o crime. Em represália, a mulher do delator - chamado de "cagueta" pelos bandidos - foi morta dentro de casa, em 2010.

Ele prometeu se vingar: “Não vai respeitar as criança. Vai matar criança também. Porque parece que pegaram a pessoa, na frente da filha dele”, diz Tiriça em gravação.

A quadrilha mandou o seguinte recado: “Falar para esse cara que é o seguinte: se ele ficar com essa palhaçada, nós vai derreter a família dele inteirinha”.

O Ministério Público também investigou a recente onda de ataques contra policiais. Entre julho e dezembro de 2012, 48 PMs foram assassinados em São Paulo.

Foi confirmado que existia um "salve", ou seja, uma ordem para matar: “Se for executado um irmão, será executado dois policiais. Esta determinação deve ser acatada por toda irmandade, de todas as regiões”.

O cabo da Força Aérea Luiz Henrique Pereira, de 31 anos, foi morto em Campinas, com 29 tiros de fuzil. Ele estava à paisana em uma pizzaria. A promotoria suspeita que Luiz foi confundido com um PM. Segundo a investigação, escutas telefônicas mostram os bandidos falando tranquilamente sobre o assassinato, uma hora depois.

"Alugar casa" significa matar policial.

Gravação 1: Foi agora de pouco que nóis alugou a casa, lá.
Gravação 2: Tá bom, então, irmão. É nóis, parça.

A família do cabo da Aeronáutica não quis gravar entrevista. A mulher dele disse que, 20 dias depois da morte do marido, nasceu o segundo filho do casal e que é muito triste ver as crianças crescerem sem a presença do pai.

Até o começo de 2014, serão instalados bloqueadores de celulares nas cadeias, informou o secretário de Segurança de São Paulo.

Sobre a ameaça de ataques durante a Copa do Mundo, ele disse: “Não há motivo para alarmismo porque até agora não há nenhum elemento concreto que indique a existência de um plano real”.

O Tribunal de Justiça de São Paulo negou o pedido do Ministério Público de prisão imediata de 175 denunciados por envolvimento com a quadrilha.

Nos próximos dias, o tribunal vai decidir se 35 presos - apontados como os chefes da facção - vão para o Regime Disciplinar Diferenciado.

“O Estado e a sociedade não estão reféns do crime organizado. O Estado tem a capacidade de reagir e, a qualquer momento, seremos também capazes desarticular de maneira sistemática toda a organização criminosa”, diz Márcio Fernando Elias Rosa, procurador-geral de Justiça de São Paulo.






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