Eles se sentem incomodados com restrições impostas pela nova lei
Leis estão marginalizando os fumantes
Após o Senado Federal aprovar a Lei Antifumo para todo o país, em 15 de dezembro deste ano, os fumantes ainda tentam se adequar às novas medidas. Ficou proibido fumar em ambientes fechados de acesso público, ou seja, casa de shows, boates, aviões, restaurantes e qualquer lugar que não seja em área aberta, incluindo aí os próprios “fumódromos”.
Devido às sucessivas restrições ao fumo, em nenhum shopping de Cuiabá, por exemplo, existe um local aberto destinado para fumantes. Todos que desejem “fumar um cigarrinho” precisam se expor nas portas de entrada e enfrentar os olhares de desaprovação de quem não fuma. Há cerca de quatro anos a loja Smoke Tabacaria e Revistaria, localizada no Pantanal Shopping, disponibilizava em seu interior uma área restrita para fumantes. Era composta por uma lanchonete, mesas com cadeiras, ar condicionado e exaustores de ar.
A gerente Narcisa Pereira explica que o proprietário decidiu por fechar o ambiente, já que não havia retorno para a casa. Segundo ela, muitas pessoas usavam o local apenas para fumar e não consumiam nenhum produto.
Ela garante que até hoje a procura pelo antigo fumódromo é grande. “Ainda tem gente que vem pedir pra reabrirmos o espaço, mas isso não acontecerá. No local hoje funciona o nosso estoque”, explica.
Wailka Roberta Pereira tem 28 anos e diz que fuma há 12. Ela é funcionária de uma loja em um shopping de Cuiabá e reclama que, ao aprovarem a lei, os congressistas não pensaram em regular os ambientes permitidos para fumantes. Como exemplo ela cita que os locais disponibilizados não possuem bancos, cinzeiros, ou conforto.
Além disso, cita o fato de muitas lojas ficarem distantes dos ambientes externos, o que dificultaria que os trabalhadores fumantes usem os 15 minutos de intervalo para manter o vício. “É longe e até a pessoa chegar ao lugar permitido já passou seu intervalo. Além disso, ficamos marginalizados, não temos nem onde sentar. Excluíram a gente. As pessoas que vão entrar no shopping parecem se incomodar conosco fumando aqui na porta. É super chato”, reclama.
Cuiabá possui cinco grandes casas noturnas e uma delas, o Club Garage, se adequou à nova lei mesmo antes de ser aprovada pelo Congresso. O assessor de comunicação da boate, Rafael Farinha, explica que apesar de proibir que os clientes fumem dentro da casa, foi criada uma área aberta para atender o público fumante.
O local é pequeno, sem assentos. Quem quiser fumar recebe um cartão de controle da entrada e consome o cigarro em um espaço localizado numa das laterais da casa. O próprio assessor reconhece que o ambiente não é adequado e que precisa melhorar. Para isso, o proprietário já estaria planejando uma nova reforma. O objetivo é criar uma área bem ventilada.
“Sabemos que aqui é pequeno. Cabem apenas 20 pessoas e por isso controlamos os acessos, para evitar uma superlotação”, diz.
Rafael relembra que há cerca de um ano o clube não permite mais que cigarros sejam consumidos nos ambientes fechados, e que no início sentiu uma acentuada queda na movimentação. “Não chegamos a ter prejuízos financeiros, mas muita gente se afastou”.
Contudo, as coisas parecem estar entrando na normalidade. O assessor explica que aos poucos os freqüentadores estão se adaptando e muitos elogiam a medida, dizendo que sentem os perfumes, não saem da festa com cheiro de cigarro nas roupas
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