A Câmara dos Deputados da Itália aprovou na sexta-feira (16) o plano de ajuste orçamentário de cerca de 30 bilhões de euros do governo do primeiro-ministro Mario Monti para sanear as contas públicas do país e tentar recuperar, assim, a confiança dos mercados.
O texto foi aceito com 402 votos a favor, 75 contra e 22 abstenções, e agora passará ao Senado. A previsão é que o plano seja votado antes do Natal.
O severo pacote de austeridade, que prevê redução de gastos públicos, elevação de impostos e reformas previdenciárias, já havia recebido pela manhã um voto de confiança da Câmara, obtendo 495 votos a favor e 88 contra.
A convocação do voto de confiança foi uma manobra de Monti para apressar a aprovação e evitar o debate a respeito de dezenas de emendas, a maioria de autoria da Liga Norte, que tentava obstruir a adoção das medidas.
Primeiro-ministro italino, Mario Monti, na entrada da em evento no Banco da Itália, em Roma (Foto: AFP)
Monti manifestou nesta sexta-feira seu desejo de que a União Europeia (UE) fortaleça a disciplina orçamentária de seus membros, mas enfatizou a necessidade de que esta tenha um enfoque de longo prazo e que priorize o crescimento.
"Não se trata unicamente de satisfazer a sede de disciplina de curto prazo de alguns países", afirmou Monti durante uma conferência em Roma em homenagem a Tommaso Padoa-Schioppa, ex-ministro da Economia do governo de centro-esquerda de Romano Prodi (2006-2008), falecido em dezembro de 2010.
"Nós não podemos permitir uma crise no seio da Europa, na Eurozona", destacou Monti, que chefia um gabinete tecnocrata instalado no mês passado, num esforço para assegurar aos mercados de que a Itália poderá administrar suas dívidas.
Em meados deste ano, o colapso na confiança dos investidores em relação à Itália causou a queda de Berlusconi, colocou o país no epicentro da crise do euro e levou seus custos de endividamento para níveis insustentáveis nos mercados de bônus.
Apesar do voto de confiança, os problemas da Itália voltaram a ser salientados nesta sexta-feira pela decisão da agência Fitch de colocar a Itália e cinco outros países da zona do euro em "observação negativa", o que significa sob risco de redução de nota de crédito, citando a falta de uma "solução abrangente" para a crise.
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