Cerca de mil policiais cercavam, nesta quarta-feira, e há uma semana, o vilarejo de Wukan, no sul da China, símbolo da luta dos camponeses do país contra a expropriação de terras por dirigentes do Partido Comunista e agentes imobiliários corruptos.
"Veículos da polícia e do Corpo de Bombeiros estão estacionados em torno do povoado", denunciou à AFP um morador, ouvido por telefone. "Ainda temos um pouco de água e alimentos, mas não por muito tempo", disse o homem, que preferiu não ter o nome divulgado.
"Queremos que o governo central (de Pequim) se ocupe de nosso problema. Não abandonaremos a luta, queremos que os corruptos sejam detidos", acrescentou.
Desde quinta-feira passada a polícia cerca Wukan, onde os moradores voltaram a protestar nesta quarta-feira, declarando-se determinados a continuar seu movimento.
As autoridades de Lufeng, que têm jurisdição sobre Wukan, confirmaram que a polícia, a tropa de choque e os bombeiros estão mobilizados em torno e vão usar jatos d""água se for preciso, para "garantir a estabilidade".
"As entradas da aldeia estão bloqueadas e até mulheres e crianças são submetidas a interrogatórios. A presença da imprensa está proibida", declarou outro camponês, ouvido pela AFP.
Os moradores da aldeia litorânea, de 13.000 habitantes, acusam as autoridades locais de expropriarem suas terras sem indenizar ninguém. As autoridades negam as acusações e afirmam que vão seguir o procedimento legal.
As expropriações vêm se tornando um sério problema na China, onde cada vez mais camponeses acusam os dirigentes locais de corrupção e de se enriquecer revendendo as terras deles para projetos imobiliários.
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