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Cidades/Geral
Quarta - 14 de Dezembro de 2011 às 09:21

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Construir a arquitetura das cidades sob o ponto de vista inclusivo para pessoas de diferentes classes sociais foi um dos focos da palestra do superintendente da Associação Mato-grossense dos Municípios, Maurício Munhoz, na manhã desta terça-feira (13), na sede da instituição. Munhoz, que também é sociólogo, abordou o tema Arquitetura, Processos Políticos e Cidades. A apresentação foi elaborada a partir de estudos do sociólogo francês Pierre Bourdieu, que dedicou parte de suas pesquisas às relações entre os espaços físicos e sociais nas cidades e a formação dos guetos, subúrbios e periferias. A apresentação foi dirigida à equipe técnica da AMM e também foi aberta para a comunidade em geral.

A palestra abordou a temática da violência simbólica, que apesar de não estar necessariamente associada à coerção física, integra o conceito da segregação social que caracteriza a arquitetura das cidades. A expressão pode ser traduzida como uma espécie de relação de dominação velada que existe entre os grupos sociais, mas que se evidencia quando os grupos com maior poder econômico residem em espaço físico de melhor qualidade. “A violência simbólica tem o poder de se perpetuar através da ação das forças sociais”, assinalou o palestrante.

Para elucidar melhor a violência simbólica a que estão submetidos os mais pobres, Munhoz citou como exemplo o ordenamento urbano das grandes metrópoles e também das pequenas cidades. Nas metrópoles é muito comum encontrar condomínios luxuosos coexistindo ao lado de imensas favelas. Em menor proporção essa realidade também é verificada em cidades médias e pequenas, onde as maiores autoridades residem em amplas construções enquanto os mais carentes, que em geral integram famílias numerosas, dividem casas com poucos e minúsculos cômodos.

Para resgatar o aspecto histórico da violência simbólica, o palestrante recorreu à Alemanha dos anos 30, quando o ditador nazista Adolf Hitler investiu em uma arquitetura diferenciada para os membros da raça ariana, associada ao conceito de identidade nacional e considerada “superior”. Considerado um artista frustrado, Hitler confiou as suas ideias no arquiteto Albert Speer, que por seu talento conquistou rapidamente a simpatia de Hitler, que destinou a Speer a construção de várias obras na Alemanha.

A influência do aspecto político na arquitetura das cidades também foi abordada durante a palestra, pois as obras públicas dependem da liberação de recursos governamentais para serem executadas. Os engenheiros e arquitetos que participaram da palestra opinaram que muitas vezes a limitação dos recursos também restringe o alcance da obra.      O superintendente da AMM alertou os profissionais para que fiquem atentos a essa temática para que os projetos sejam elaborados e as obras executadas visando o envolvimento dos cidadãos.

Somente em 2011, a Coordenação Técnica e de Engenharia da AMM já elaborou quase 900 projetos, quantidade três vezes maior se comparada ao ano de 2010. O aumento da produção se justifica, pois fortalecer o setor de projetos é umas das prioridades da atual diretoria da AMM, que em fevereiro completa um ano à frente da instituição.






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