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Cidades/Geral
Terça - 13 de Dezembro de 2011 às 13:15
Por: LISLAINE DOS ANJOS

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O Comitê em Defesa da Saúde Pública divulgou, durante entrevista coletiva realizada na tarde desta segunda-feira (12), um depoimento dado por uma mulher que teria sido atendida no Hospital Metropolitano e relata a sua “sobrevivência” no local.

Diante destas e outras histórias, o professor de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Reginaldo Araújo, afirmou que o Comitê – hoje formado por membros de 30 sindicatos, grupos e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) – pretende criar uma Associação das Vítimas e Amigos do Metropolitano.

Araújo comparou o atendimento no Hospital Metropolitano a uma “produção fordista”. Isso ocorre, segundo ele, para que a equipe consiga atingir a meta estabelecida no contrato assinado pela Organização Social (OS) com o Governo do Estado, que é o de realizar 460 cirurgias por mês.

“Você entra, faz a cirurgia e vai embora para casa, em seguida”, disse o professor.

Relato

Uma mulher, identificada apenas como Genecília, conta em seu depoimento – recebido pela chefe do Gabinete da Casa Civil, Lílian Almeida Lisboa – que deu entrada no Hospital Metropolitano, no dia 19 de setembro deste ano, para fazer uma cirurgia da vesícula. Lá conheceu outra mulher, Vanildes, com quem fez amizade e que também aguardava internação para operar de uma hérnia.

Ambas passaram por cirurgias no dia seguinte, 20 de setembro, indo embora do Metropolitano no terceiro dia, 21. Segundo o relato, Vanildes apresentava sinais de debilidade após a cirurgia, mas, ainda assim, teve que deixar a unidade, para que o leito fosse ocupado por outra pessoa.

Genecília contou no relato que, quando os familiares de cada uma chegaram para buscá-las, ambas trocaram telefones e esta foi a última vez que viu a amiga.

“Eu e Vanildes fomos operadas no dia 20.09.2011 e, no dia 21.09.2011, de manhã, fomos despejadas do Hospital Metropolitano de Várzea Grande, sem nenhuma avaliação médica. E, no dia 22.09.2011, Vanildes amanheceu morta em sua residência, com sangue escorrido pela boca. A causa da morte: hemorragia interna (grifos da autora)”, afirmou Genecília.

Clique aqui para ler a íntegra do relato disponibilizado à imprensa pelo Comitê em Defesa da Saúde Pública.

Comparação

Há quase dois meses, a Justiça determinou ao Estado que reassuma a gerência do Metropolitano, uma vez que as metas não estavam sendo atingidas como previsto no contrato.

Além da decisão não ter sido cumprida, o Estado continuou fazendo chamamento para contratação de OSs em outras unidades hospitalares de Mato Grosso.

O comitê dizque os gastos com a contratação de OSs custam muito mais do que o que seria investido no Sistema Único de Saúde.

Segundo os membros do comitê, cerca de 60 leitos no Hospital Metropolitano recebem o mesmo investimento que 600 leitos no Pronto-Socorro de Cuiabá.

Além disso, segundo o Comitê, o salário pago aos profissionais que atuam nos hospitais gerenciados por OSs são até três vezes mais do que é pago aos concursados que atuam nos hospitais públicos, pelo mesmo tempo de trabalho e com a desvantagem que os primeiros contam com uma melhor aparelhagem, equipamentos e infraestrutura.

De acordo com Araújo, cerca de R$ 130 milhões dos cofres públicos já estão reservados para a contratação de OSs para gerirem os Prontos-Socorros de Cuiabá e Várzea Grande.

Em Cuiabá, a Câmara aprovou um projeto de lei enviado pelo prefeito Chico Galindo (PTB) que permite a estadualização do hospital municipal. Em Várzea Grande, no entanto, a proposta foi reprovada pelos vereadores.






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