Repressão mata ao menos 41 civis na Síria na sexta-feira
Pelo menos 41 civis, incluindo sete crianças, morreram na sexta-feira em ações das forças de segurança sírias durante manifestações contra o regime do ditador Bashar al Assad, segundo um novo balanço do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Doze civis, entre eles duas crianças de 10 e 12 anos, faleceram em Homs, centro da rebelião contra o governo, e um jovem de 14 anos morreu em Aqrab, na mesma região, segundo um comunicado do OSDH, uma organização não governamental que tem sede em Londres.
France Presse - 9.dez.2011 | ||
Imagem de vídeo postado no YouTube mostra soldados das forças do regime em subúrbio da capital, Damasco |
Em Hama (210 km ao norte de Damasco), as forças de segurança mataram cinco civis. Oposicionistas relatam que tanques estão cercando a cidade de Homs, bastião do movimento, e há o temor de um grande ataque do regime.
Dezoito civis, incluindo duas crianças, faleceram nas cidades de Duma, Saqba, Kafarbatna, Hamurie e Dmeir, na província de Damasco.
Uma mulher e uma criança morreram na província de Deraa (sul), onde teve início a onda de protestos há quase nove meses, também de acordo com o OSDH.
Na província de Idleb, perto da fronteira com a Turquia, dois civis, incluindo um jovem de 15 anos, morreram na cidade de Maaret al Nooman. Um taxista foi morto a tiros na mesma região.
Segundo a ONU, as forças sírias mataram mais de 4.000 pessoas desde o início da revolta popular contra o regime de Assad, em março.
AJUDA ÁRABE
A Síria recorreu nesta sexta-feira à comunidade internacional, especialmente aos países árabes, para encontrar uma "saída honrosa" à crise que enfrenta, particularmente ao não enviar armas ao país.
"Estamos recorrendo ao mundo externo e a nossos irmãos do mundo árabe para ajudar a Síria (a evitar a) canalização de armas" para o país, disse o porta-voz do ministro sírio das Relações Exteriores, Jihad Makdisi, em uma conferência de imprensa em Damasco.
"Queremos que os outros, todos os outros, apoiem a revolução síria, não o confronto com a Síria", declarou.
Associated Press | ||
Imagem de vídeo amador divulgada pela emissora de TV Ugarit News mostra cadáver sendo arrastado em Homs |
"Se todos trabalharmos juntos, podemos encontrar uma saída honrosa para a crise".
Makdisi convocou a conferência de imprensa para denunciar a rede de notícias americana ABC, que esta semana transmitiu uma entrevista com o ditador Bashar al Assad. "A rede distorceu o que o presidente disse".
A ABC "deformou deliberadamente as palavras do presidente ao transmitir vídeos (de violência) para incitar" a ação contra a Síria, disse o porta-voz. "Foi um erro deliberado".
Makdisi afirmou que a ABC editou a entrevista que Assad concedeu à jornalista Barbara Walters e transmitiu apenas o que queriam que o mundo ouvisse, cortando longos trechos da fala do presidente. "O importante era mostrar a Síria como o mal" e acrescentou: "A batalha é política, sabemos".
Na entrevista à ABC, Assad negou ter ordenado o assassinato de manifestantes na Síria e disse que "apenas uma pessoa louca" atacaria seu próprio povo. Ele também discordou das declarações da ONU sobre as mortes de mais de quatro mil pessoas desde meados de março.
O porta-voz do ministro das Relações Exteriores mostrou parte da entrevista que foi transmitida pela ABC e a gravação original para provar a edição.
TURQUIA
Também nesta sexta-feira a Turquia disse que não pode se abster se a repressão na Síria está colocando em risco a segurança na região como um todo, disse o ministro das Relações Exteriores turco, Ahmet Davutoglu, nesta sexta-feira.
Embora Ancara não deseje interferir nas questões internas da Síria, tem o dever de dizer "chega" a Damasco se o governo vizinho coloca a segurança da Turquia em risco ao combater seu próprio povo e obrigar as pessoas a fugirem do país, afirmou o chanceler.
Sana/Associated Press | ||
Explosão de oleoduto em Homs pode ser usada como pretexto para forças invadirem a cidade, diz a oposição |
A Turquia, que é membro da Otan, disse no mês passado que não queria uma intervenção militar na Síria, mas que estava preparada para "qualquer cenário," inclusive estabelecer uma zona-tampão dentro da Síria.
O país, que vem aumentando as críticas a seu antigo aliado, teme que uma guerra civil baseada em linhas sectárias na Síria possa se espalhar pelas fronteiras e provocar tensão entre o povo turco.
"A Turquia não deseja interferir nos assuntos internos de ninguém, mas se surgir um risco à segurança regional, então não temos o luxo de nos abster e apenas assistir", disse Davutoglu a jornalistas na capital turca, referindo-se à Síria.
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