Vestidos de branco, antigos opositores e vítimas de Manuel Antonio Noriega exigiram prisão para o ex-ditador em um protesto realizado na sexta-feira (09) no centro da capital panamenha, a dois dias de sua volta ao país.
"Exigimos justiça, prisão para o assassino. Não esquecemos", diziam cartazes à frente da manifestação, que reuniu mais de 100 pessoas na Calle 50, no setor bancário da Cidade do Panamá.
Derrubado na invasão americana de 1989 e preso durante 22 anos nos Estados Unidos e na França por tráfico de drogas, Noriega será extraditado no domingo de Paris ao Panamá, para cumprir três penas de 20 anos de prisão pela morte de opositores.
"Exigimos que Noriega vá para a prisão como um delinquente comum e permaneça lá para sempre", disse Aurelio Barría, fundador em 1987 da Cruzada Civilista, movimento de oposição.
Carmenza Spadafora, irmã do médico e guerrilheiro panamenho Hugo Spadafora, sequestrado e decapitado em 1985, foi uma das líderes do protesto. "Queremos nos unir ao restante dos panamenhos para manifestar nosso repúdio absoluto por Noriega, e lembrar os desaparecidos, agredidos, abusados e mortos por este homem", disse Carmenza.
O presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, anunciou que Noriega irá "direto para a prisão" e que as autoridades já tem pronta uma cela na penitenciária de El Renacer, no noroeste da Cidade do Panamá.
Mas o ex-homem forte do Panamá, hoje com 77 anos, poderá pedir o benefício de prisão domiciliar, previsto em lei para quem tem mais de 72 anos. "Não vou permitir que vá para casa. É um assassino, um ladrão e um narcotraficante. Não merece terminar seus dias no nosso país", disse María Victoria Henríquez, 59 anos.
Uma comissão panamenha integrada por seis funcionários, incluindo policiais e médicos, acerta os últimos detalhes para a viagem de Noriega ao Panamá, no domingo, em voo da Ibéria que chegará às 17h30 local (20h30 Brasília).
Como parte da operação de extradição, médicos franceses e panamenhos visitaram Noriega na prisão de La Santé em Paris, e no sábado realizarão a última revisão para constatar que, como já revelaram exames esta semana, o ex-ditador se encontra em condições para viajar.
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