Sócio de Pimentel trabalhava na Prefeitura de BH durante consultorias
A empresa de consultoria do ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) prestou serviços a empresas interessadas em decisões da Prefeitura de Belo Horizonte tendo como sócio um assessor direto do prefeito Márcio Lacerda.
Otílio Prado, 65, foi sócio de Pimentel na P-21 Consultoria e Projetos desde a fundação da empresa, em janeiro de 2009, até a saída do ministro da sociedade, em dezembro de 2010. Durante todo esse período, Otílio esteve lotado como assessor especial do gabinete de Lacerda, aliado de Pimentel, um dos defensores de sua reeleição no ano que vem.
Otílio ocupa esse cargo de confiança desde a administração Célio de Castro (PT), continuou no posto por toda a gestão de Fernando Pimentel na prefeitura (2002-2009), e segue no cargo até hoje.
Três semanas depois de ser criada, a P-21 assinou o seu primeiro contrato, com potencial conflito de interesse em relação à posição de Otílio na prefeitura. O contrato foi celebrado com a Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), mas com o objetivo de prestar consultoria a empresas associadas à federação.
No contrato, como mostrou a Folha hoje e que contradiz versão apresentada pelo ministro Pimentel, está prevista a "elaboração de estudos e pareceres relativos a projetos que serão apresentados aos órgãos de gestão pública".
A dupla função de Otílio, como sócio de Pimentel e assessor de Lacerda, coincidiu com os períodos em que a P-21 prestou consultoria para empresas interessadas em decisões da Prefeitura de Belo Horizonte. Ao todo, como revelou o jornal "O Globo", a P-21 recebeu R$ 2 milhões de clientes entre 2009 e 2010.
Uma das clientes da empresa, admitida pelo ministro Pimentel, foi a empreiteira mineira Convap. Depois de pagamentos de mais de R$ 500 mil à P-21, a construtora conseguiu contratos de mais de R$ 90 milhões com a Prefeitura de Belo Horizonte.
Outra cliente é a empresa de informática QA Consulting, que tem como sócio Gustavo Daniel Prado, filho de Otílio. No período, ela pagou R$ 400 mil para a consultoria do pai e de Pimentel. Como revelou a Folha hoje, a empresa chegou a ser contratada pela prefeitura de BH quando Fernando Pimentel era o prefeito e Otílio era seu assessor.
Ontem, em nota oficial, o ministro Fernando Pimentel manteve o argumento usado desde domingo, quando o jornal "O Globo" revelou detalhes dos serviços prestados por sua empresa de consultoria, e negou influência. Disse que as contratações "foram realizadas na gestão de Marcio Lacerda" e afirmou que "o trabalho de consultoria foi exercido somente após o fim do mandato de prefeito de Belo Horizonte".
Contudo, a nota omitiu o fato de que seu sócio era assessor do prefeito, apesar de a Folha ter questionado a pasta a respeito antes da divulgação da nota.
À noite, em resposta a perguntas enviadas pela Folha, o ministro, por e-mail, argumentou que a P-21 Consultoria e Projetos "jamais teve contrato com a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte" e que, por isso, "não houve impedimento de qualquer ordem na sua participação [de Otílio Prado] como sócio minoritário da P-21 Consultoria e Projetos Ltda".
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