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Terça - 06 de Dezembro de 2011 às 13:52
Por: Alline Marques

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Duas chacinas marcaram a cidade de Colniza (1.065 km a Noroeste de Cuiabá) nos meses de dezembro em 2008 e 2009, respectivamente, mas devido as constantes ameaças feitas aos moradores, o trabalho da polícia fica prejudicado; até o momento nenhum dos inquéritos foi concluído.

A investigação é conduzida pelo delegado de Sinop, Daniel Rozão Vendramel, e já foram feitos inúmeros pedidos de quebra de sigilo, alguns dos quais ainda aguardam decisão judicial. No entanto, a maior dificuldade é conseguir testemunhas, já que as pessoas têm medo de falar.

As duas chacinas envolveram funcionários da Fazenda Bauru, considerada uma terra muito rica devido à extração de madeira. A região ainda é comandada por fazendeiros de Rondônia e, além do conflito pela disputa de terras, a retirada ilegal de madeira é o que move o “comércio” na localidade.

Os fazendeiros costumam contratar pistoleiros que ameaçam os trabalhadores e até moradores da região. O primeiro caso ocorreu em 2008 quando três pessoas foram assassinadas no dia 5 de dezembro numa emboscada no caminho para a Fazenda Bauru. O grupo seguia em uma camionete F-350 quando foi surpreendido por homens armados. Os pistoleiros atiraram primeiro no motorista do carro, o topógrafo paranaense Paulo Gilberto Gobitti, de 53 anos.

Em seguida, os tiros atingiram os funcionários da fazenda Joanes de Oliveira Nunes, 36 anos, conhecido como ‘Cacique’, e Fabrício Teodoro de Souza. Uma quarta pessoa que estava na caminhonete também foi atingida com tiros nas costas, mas conseguiu sair do carro e caminhar pela estrada em busca de socorro. Dias depois a testemunha foi colocada em regime de proteção para evitar que ela fosse executada.

Já em 2009, também no dia 5 de dezembro, dois funcionários da fazenda foram executados e um terceiro ficou ferido. O assassino invadiu o quintal da residência de uma das vítimas e atirou contra os três. Weslei Souza Miranda, 20 anos, foi atingido no braço, mas conseguiu fugir com vida.

O sobrevivente relatou que Edelson Gomes Vital, de 24 anos, tentou correr para a cozinha, mas foi interceptado por vários tiros e, sem resistir aos ferimentos, morreu no local do crime. Já Ernanis Bernardes, de 33 anos, dono da casa, correu para os fundos da residência, onde acabou caindo dentro de uma fossa. Lá ele foi executado com facilidade, alvejado por vários tiros.

Diante das semelhanças dos dois casos, a polícia trabalha com apenas uma linha de investigação, mas mesmo assim, ainda não se fala em suspeito até para não atrapalhar a investigação. A Polícia Judiciária Civil designou que a investigação fosse conduzida pela regional de Sinop para tentar evitar maiores problemas para os policiais que atuam no município.

A fazenda Bauru é cobiçada pela grande quantidade de Ipês que detém, madeira considerada cara. Durante o início das investigações, as suspeitas recaíram sobre membros de um assentamento existente na propriedade. Em novembro de 2007, mais de 100 famílias haviam sido expulsas da terra, em função de uma decisão judicial. Ainda assim, o dono da fazenda cedeu 5 mil hectares de terra para montar o assentamento.

Apesar da tentativa pacifica de resolver a situação no local, o clima ainda é tenso na região, principalmente por causa da extração ilegal de madeira. Recentemente, a Defensoria Pública em parceria com a Polícia Militar realizou uma operação para realizar a reintegração de posse em uma das fazendas no município de Colniza. Durante a ação várias armas foram apreendidas e descobriu o envolvimento de pistoleiros com fazendeiros de Rondônia.






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