Saída da unidade de saúde aconteceu na manhã desta quinta-feira (17). Oftalmologista seguiu para presídio feminino. 2 irmãos são vítimas de batida.
Investigada por morte de irmãos tem alta na BA
Deixou o Hospital Aliança em Salvador, na manhã desta quinta-feira (17), a médica Kátia Vargas Leal Pereira. A oftalmologista estava internada desde a sexta (11), quando aconteceu a morte dos irmãos Emanuel e Emanuele, 22 e 23 anos, que trafegavam em uma moto, e foram atingidos pelo carro dela no bairro de Ondina, na capital baiana. A suspeita foi encaminhada para o presídio feminino no Complexo Penitenciário da Mata Escura.
A mulher é investigada porque teria atingido os dois, segundo testemunhas, de forma proposital após um desentendimento no trânsito. Com base em imagens, a polícia acredita que a motorista perseguiu a moto e assumiu o risco de matar.
A delegada Jussara Souza, responsável pelas investigações, chegou à unidade de saúde particular por volta das 9h10 e cerca de cinco minutos depois saiu acompanhada da suspeita, que tentou cobrir o rosto para evitar o assédio da imprensa. A saída dela aconteceu pelo acesso principal do hospital particular. O advogado da médica, Vivaldo Amaral, acompanhou a alta, mas preferiu não dar entrevistas.
A médica teve a prisão preventiva decretada na terça-feira (15) pelo juiz Moacyr Pita Lima.
Perícia
O laudo médico do Departamento de Polícia Técnica (DPT), cujos peritos avaliaram a saúde da suspeita aponta que ela estava clinicamente apta para receber alta. Segundo o Ministério Público da Bahia (MP-BA), que promoveu coletiva à imprensa para divulgar o resultado da avaliação, o documento afirma que ela passa por abalo psicológico, mas que não há lesão física.
"O laudo esclarece que ela está incapaz de ficar 30 dias sem atividades genéricas ou laborativas. Mas nesse caso é parcial. Não há incapacidade física para atividades habituais, apenas psíquicas causadas pelo acidente. Ainda assim teremos o cuidado de que ela passe por avaliação médica onde irá, mas digo e repito, clinicamente ela pode ser levada à penitenciária. As autoridades estão cientes e a qualquer momento isso pode acontecer", afirmou na quarta-feira (16) o promotor de Justiça Davi Gallo.
O promotor Nivaldo Aquino, que também acompanha o caso, pontuou que a médica chegou a dizer para o perito que tem vontade de cometer suicídio. "O laudo diz que ela falou em cometer suicídio, sobre um possível arrependimento. Mas nada que irá tirar a possibilidade dela responder no conjunto penal. Hoje [quarta] ou amanhã [quinta] ela será custodiada e ouvida, se quiser se manifestar. O MP não tem dúvida de que ela será indiciada por homicídio triplamente qualificado", disse na quarta-feira.
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Nivaldo Aquino diz que a Promotoria resolveu intervir no caso ao perceber "a atitude insana da senhora". Ainda segundo ele, "os subsídios até agora coletados sinalizam que ela cometeu homicidio doloso e o MP pediu da provisória em preventiva, assim como a autoridade policial", afirma.
Ele informa ainda que solicitou esclarecimentos sobre sete questões ao Hospital Aliança que envolvem o caso, entre elas, o motivo pelo qual a médica, enquanto suspeita presa em flagrante, ficou internada em um hospital privado. O mesmo requerimento foi enviado à direção do Samu. Segundo ele, como houve duas mortes, a médica deveria ter sido encaminhada para um hospital público.
O advogado que defende a família das vítimas disse que o inquérito deve ser concluído até a sexta-feira (18). "Queremos que ela vá à corte popular, para que a justiça da sociedade possa ser aplicada a ela", afirmou Daniel Keller. Segundo ele, caso a médica seja condenada, a pena prevista pode chegar a 60 anos para dois homicídios triplamente qualificados.
Acidente
Segundo testemunhas, na manhã da sexta-feira (11), a médica jogou o carro, em alta velocidade, e de forma proposital, na direção dos irmãos que estavam trafegando de moto pela Avenida Oceânica. Antes da batida, a motorista teria se desentendido com o jovem que guiava a motocicleta, por causa de uma "fechada" que a motorista teria dado no rapaz.
Relato de testemunha
A principal testemunha da batida conversou sobre o que presenciou com o G1. Na segunda-feira (14), ele prestou depoimento na 7ª delegacia.
"A gente [ele e os jovens na moto] parou no semáforo do antigo Salvador Praia Hotel e, quando a moto arrastou, também arrastei. O carro branco lá atrás. A moto seguiu em frente e, quando chegou lá na ponta do Ondina Apart, o carro passou com muita velocidade. Eu ainda reclamei e disse "que motorista maluco!". De repente, logo depois, teve a colisão dela batendo na moto. O carro jogou o casal contra o poste", relatou em exclusividade para a equipe. "Não houve freada, só derrapagem", acrescenta a testemunha, que não quer se identificar.
A testemunha afirma que desceu do carro ao se deparar com o acidente e percebeu que as vítimas morreram na hora, devido ao impacto da batida. "Vi que não tinha nada pra fazer e fui até o carro dela para falar, não sabia que era uma senhora, chegando perto, avistei que era uma senhora. Passo todos os dias por esse caminho, foi muito chocante, muito terrível. Na sexta-feira logo após o acidente eu viajei para tentar esquecer", afirmou.
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