Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Quinta - 01 de Dezembro de 2011 às 14:33
Por: Rubens de Souza

    Imprimir


Mídia News

É da ex-escrevente Beatriz Árias, que foi amante do juiz Leopoldino Marques do Amaral, a celebre provocação contra Josino Guimarães, empresário acusado de ser o mandante do assassinato do magistrado, em setembro de 1999. Presos, juntos, ela pediu: “Pare de chorar. Seja homem”. Doze anos depois, no banco dos réus, Josino Guimarães segue o mesmo: chorou copiosamente ao ser questionado sobre o crime capital. Se dizendo acometido da “síndrome do pânico” pelos dias de cadeia, o empresário decretou: “Prisão não é meu lugar”.

Se a emoção de Josino será suficiente para convencer o corpo de jurados que compõe o Tribunal Federal do Juri – ou elemento para provar que é inocente – as horas ainda vão dizer. Mas uma coisa é certa: as lágrimas do empresário irritaram e muito a família do magistrado assassinado. Após a sessão ser interrompida, Leopoldo Amaral, filho mais velho do juiz, declarou que não deverá mais acompanhar o julgamento: teme por um final infeliz para a família. “Isso é uma palhaçada” – criticou, entre os dentes.

Josino é inocência pura em seu testemunho de réu. Negou que seja “corretor de sentenças” e que a amizade com integrantes da alta corte do Judiciário de Mato Grosso se deu pelo fato de vender tratadores da empresa da família, a Rondomac. “Todos têm chácara, propriedade e eu vendi para eles” – disse. A amizade especial com Odiles de Freitas, desembargador aposentado e um dos nomes mais citados no julgamento até aqui, ocorreu num negócio de troca de cheques emprestado: o desembargador na época concedeu-lhe algumas folhas para serem utilizadas na construção de sua mansão na Chapada.

Ele nega que tivesse tratamento privativo dentro do Tribunal de Justiça. Antes de morrer, o juiz Leopoldino Marques do Amaral apontou diretamente Josino como intermediário na reforma de sentenças e chegou a observar que o empresário tinha até mesmo vaga privativa na garagem do Palácio da Justiça.

O empresário disse que não era amigo de José Jesus de Freitas, o Sargento Jesus, um dos matadores mais conhecidos da cidade – e que, agora, se sabe, era informante da Polícia Federal. A Jesus é atribuída participação na trama que matou o magistrado. Chamou Jesus de “dissimulado” e “preguiçoso”. E decretou: “Não ando com esse tipo de gente”. O sargento temido, evidentemente, já não está mais na terra: foi morto em uma emboscada na porta de sua casa, no bairro Jardim Cuiabá, de classe média alta. Josino historiou que foi apresentado ao sargento por Waldir Piran, cujo pai havia lhe comprado uma casa no valor de R$ 300 mil. Disse que viu Jesus, o pistoleiro, apenas três vezes – embora confessasse que chegou a ir a casa do policial para levar  um presente à esposa do militar, que fazia aniversário,  a pedido do então candidato Júlio Campos.

Josino andou, em seu testemunho,  perto nas ligações perigosas. Ele admitiu que “caminhou”  com ILdeu Ferreira dos Santos, que era segurança de Piran. Ildeu foi morto numa troca de tiros no bairro Santa Izabel, na periferia de Cuiabá, no que se convencionou chamar de “guerra das factorings”. O crime na época fora atribuído a Denivaldo Pereira, um policial militar de Várzea Grande, que prestava serviço de segurança a outro agiota Luiz Carlos De Jorge. Ao lado de Ildeu, segundo ele mesmo, foi cobrar a entrega de material de construção para sua casa.

Amigo mesmo, ele garante, é de Luiza Brunet, modelo famosa no Brasil, que já esteve algumas vezes em sua mansão em Chapada dos Guimarães.

O homem que chora copiosamente no banco dos réus, porém, está amargurado, sofrendo da doença chamada “síndrome do pânico”; está tomando Frontal. Desde a morte do juiz diz não ter sossego. Ouvir a sirene de uma viatura, segundo ele, o traz recordações amargas. Disse que foi torturado na primeira vez em que foi preso, acusado da morte do juiz. Lembrou que foi encapuzado, jogado em uma viatura, que os agentes davam tiros para o ar “para simular que iam me matar” e o levaram à sede da PF.

Preso novamente por suposta farsa para provar que Leopoldino não morreu, Josino se diz aborrecido com tudo. A cela não é o seu lugar, ele garante. Se dirigindo ao procurador da República, Douglas Santos, foi taxativo: “O senhor me colocou onde não deveria. O senhor não sabe como é lá” – disse, ao dizer que, na cela comum, chegou a ser ameaçado de morte. “Esse não é o meu mundo” – disse.






Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/66986/visualizar/