Para o delegado, depois da confissão do crime, assunto deveria ter se encerrado
Ex-chefe da PF não vê razão para indiciamento de Josino
Última testemunha a ser ouvida – e a quarta designada para o segundo dia de julgamento –, arrolada pelo Juízo da 7ª Vara Federal, o ex-superintendente da Polícia Federal, Luiz Cláudio Rosa, disse, em seu depoimento, na quarta-feira (30) à noite, que não concordou com o fato de o delegado César Martinez ter indiciado o empresário Josino Guimarães.
Na época, Martinez era subordinado à Rosa e presidia o segundo inquérito instaurado para apurar o assassinato do juiz estadual Leopoldino Marques do Amaral. Em seu relatório, Martinez concluiu pelo indiciamento do empresário como mandante do crime, ocorrido em 1999, no iterior do Paraguai.
De acordo com Rosa, não havia elementos suficientes nos autos que embasassem o pedido de indiciamento feito pelo delegado Martinez, que precisou usar como respaldo a solicitação de prisão provisória, feita pelo Ministério Público Federal, e o decreto de prisão preventiva emitido pela Justiça Federal.
“Não se pode conjecturar que tenha mandante, se as provas dos autos não apontam isso”, disse a testemunha.
O ex-superintendente negou ser amigo de Josino e afirmou que o encontrou raramente, sem nunca estabelecer algum vínculo, e que apenas foi contrário ao seu indiciamento, por achar que não havia nada no inquérito que o incriminasse, apenas o depoimento do ex-militar José Jesus de Freitas, o Sargento Jesus, já conhecido na Capital pela fama de “pistoleiro”, que afirmava ter declinado a proposta para executar o magistrado.
Segundo ele, nem mesmo o encontro que o sargento dizia ter tido com Josino, em Chapada dos Guimarães, quando a proposta para que o pistoleiro “desse um jeito no juiz” então teria sido feita.
“Não houve elementos nos autos que comprovassem o encontro entre o sargento Jesus e o Josino”, afirmou Rosa.
O ex-superintendente alegou que não possui divergência pessoal com ninguém envolvido no processo e que não interferiu de maneira alguma em nenhum dos dois inquéritos conduzidos, enquanto ele chefiava o Departamento da Polícia Federal.
Rosa não mudou sua sustentação nem diante da pressão da acusação, que o indagava sobre qual a razão para ter dado entrevistas, durante e após o encerramento do inquérito conzucido pelo delegado, hoje aposentado, José Pinto de Luna, e não ter dado a mesma publicidade ou supostamente negado apoio ao inquérito coordenado por Martinez.
Segundo ele, seus delegados tinham toda autonomia para conduzirem suas investigações. Rosa, no entanto, não soube explicar a razão pela qual Luna não tipificou o crime como latrocínio, ao invés de homicídio, uma vez que apontava, em seu relatório, Beatriz Árias como co-autora do assassinato, juntamente com seu tio Marcos Peralta, sob motivação de ficar com uma soma em dinheiro (cerca de R$ 30 mil) levada pelo juiz em sua viagem ao Paraguai.
O ex-chefe da Polícia Federal revelou, porém, ter visitado o Tribunal de Justiça, a convite do desembargador Waldir Clait, para tranquilizá-los quanto ao desfecho das investigações sobre a morte do juiz Leopoldino.
Todo o depoimento, que durou cerca de duas horas, foi marcado por visível estresse do ex-superintendente e constantes interrupções e intervenções da defesa durante o interrogatório, conduzido pelos representantes do Ministério Público Federal.
O julgamento foi suspenso às 19h e será retomado às 9h da manhã desta quinta-feira (1º de dezembro), quando então o réu, josino Guimarães, será interrogado pelas partes.
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