Com agricultores bem capitalizados, os investimentos nas lavouras de grãos e oleaginosas do Brasil atingiram níveis sem precedentes, garantindo um potencial de produção na safra 2011/12 que o Brasil nunca teve, segundo especialistas. As vendas de fertilizantes registram volumes recordes, o uso de agroquímicos está em níveis elevados, assim como o plantio de sementes transgênicas ou convencionais com alta tecnologia.
"O uso de tecnologias está dizendo que a safra tem um potencial de produção muito alto. Se esse potencial vai se realizar, vai depender muito do clima", afirmou o analista da MB Agro José Carlos Hausknecht, em entrevista. As condições climáticas não têm sido um problema por enquanto. Apesar da influência climática do La Niña nesta safra, as chuvas têm sido bem distribuídas, com algumas consultorias até mesmo elevando suas projeções de colheita.
"O uso de tecnologias está sem precedentes, em termos de sementes, fertilizantes, defensivos e transgênicos", disse à Reuters o diretor superintendente para América Latina da companhia de defensivos FMC, Antonio Carlos Zem. Embora mais chuvas sejam necessárias para garantir o potencial da safra, que só começa a ser colhida em janeiro, pelos investimentos realizados "caminhamos para produções recordes em todos os sentidos", acrescentou Zem.
No caso da soja, a principal cultura do Brasil, por exemplo, o País poderia produzir até 78 milhões de t, se mantiver a produtividade recorde da safra passada diante de um aumento de quase 1 milhão de hectares no plantio ante 2010/11. Uma boa safra de soja no Brasil, segundo produtor mundial, é esperada com expectativa no mercado global, especialmente após o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos ter previsto que o País poderá superar os americanos como os maiores exportadores globais em 2011/12. As vendas brasileiras compensariam em parte uma queda na safra dos EUA.
Investimentos após ganhos
Os produtores de grãos e oleaginosas do Brasil estão elevando investimentos após obterem na safra passada (2010/11) os melhores resultados em termos de rentabilidade da história recente, segundo avaliação da Agroconsult, e investiram para garantir em 2011/12 o que deve se configurar como a segunda melhor margem dos últimos anos, de acordo com a consultoria.
Isso porque os custos de produção subiram este ano ante o período anterior em até 11%, no caso do milho, explicou a Agroconsult, enquanto os preços das commodities agrícolas estão claudicantes. De qualquer forma, do que depender dos fertilizantes, o potencial produtivo pode ajudar a garantir a margem de lucro.
As vendas de adubos no Brasil no acumulado do ano até outubro atingiram 23,9 milhões de t, um recorde para o período, segundo a associação do setor. Da mesma forma, as vendas de defensivos agrícolas até o mês passado registraram aumento de 10% na comparação ao mesmo período do ano passado.
O uso de variedades trangênicas, no caso da soja, deve cobrir mais de 80% das lavouras do Brasil, e 65% para o milho, estimou no início da safra a consultoria Céleres, níveis também nunca vistos. Segundo o analista da MB Agro, com uma safra trangênica maior, em tese até deveria diminuir o uso de defensivos, já que as variedades geneticamente alteradas já carregam proteção contra determinadas pragas.
"Mas além da questão do transgênico, o tipo de semente vendida é de alta tecnologia...", disse Hausknecht, destacando que onde o clima for bom a produtividade será "muito alta".
No caso do milho, o Brasil ainda tem muito espaço para ampliar a produtividade em relação aos Estados Unidos, por exemplo. A média nacional está em torno de 4 mil kg/ha, contra aproximadamente 9 mil kg/ha dos EUA, o que leva consultorias a apostarem em recorde de produção do cereal. Já para a soja, o nível de produtividade brasileiro é similar ao dos EUA.
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