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Cidades/Geral
Quarta - 30 de Novembro de 2011 às 22:11
Por: EUZIANY TEODORO

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Clínicas têm a missão de recuperar viciados, mas não respeitam Direitos Humanos, segundo relatório
Clínicas têm a missão de recuperar viciados, mas não respeitam Direitos Humanos, segundo relatório

Um estudo sobre os cuidados oferecidos em instituições de tratamento de usuários de drogas em todo o Brasi, apontou graves irregularidades em cinco unidades de Mato Grosso.

Entre os problemas, os pacientes são obrigados a assistir a cultos religiosos, independente de sua orientação, e, em alguns casos, há castigos como suspensão da alimentação, isolamento e trabalho sem direito a descanso.

As instituições mato-grossenses citadas no relatório do Conselho Federal de Psicologia são: Comunidade Terapêutica Raiz de Jessé (Várzea Grande); Moriah Centro de Recuperação (Chapada dos Guimarães); Amparu Comunidade Terapêutica Vida Serena (Várzea Grande); Lar Cristão Ala Feminina (Cuiabá) e JKR (Cuiabá).

Os casos mais graves foram encontrados pela inspeção do Conselho na instituição Raiz de Jessé, no Lar Cristão Ala Feminina e na Amparu Comunidade Terapêutica Vida Serena. Em todas elas, os internos são obrigados a frequentar os cultos evangélicos.

Na primeira, Raiz de Jessé, vários problemas foram detectados. O modo de lidar com conflitos ou "rebeldias" é mediante "disciplina", com aplicação de "trabalhos", na maioria das vezes, cavar um buraco; conflitos são resolvidos com advertência, punição e expulsão. As crises de abstinência são consideradas "frescura", e o paciente "tem de aguentar". Além disso, não há assistência.

Na Amparu-Vida Serena, segundo o relatório, o interno é acordado às 4 horas e colocado para trabalhar "na enxada" até às 6 horas da manhã, sem intervalo para descanso. Às vezes, o paciente fica incomunicável por cinco dias.

No caso do Lar Cristão Ala Feminina, que fica em Cuiabá, as internas não são obrigadas a "ser crentes", mas devem seguir todas as regras baseadas na religião; quando essas regras são desobedecidas, as usuárias ficam sem refeição até o momento em que obedecerem.

De acordo com a psicóloga Priscila Batistuta, presidente da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia, a intenção do Conselho Federal foi levar a público a situação das clinicas de tratamento, mas cabe ao Governo tomar as providencias, para evitar que o desrespeito aos direitos humanos aconteça.

Segundo ela, o estudo foi feito em parceria com o Ministério Público e outros órgãos públicos. Agora, cabe a eles, tomar as atitudes. "O que o Conselho Regional pode fazer é orientar sobre os direitos humanos e sobre a melhor forma de lidar com essas pessoas em tratamento. O nosso foco é o profissional que trabalha diretamente com eles", explicou.






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