Relatório do Conselho Federal de Psicologia aponta que direitos humanos não têm sido respeitados
Drogados são mal tratados em instituições de tratamento
Um estudo sobre os cuidados oferecidos em instituições de tratamento de usuários de drogas em todo o Brasi, apontou graves irregularidades em cinco unidades de Mato Grosso.
Entre os problemas, os pacientes são obrigados a assistir a cultos religiosos, independente de sua orientação, e, em alguns casos, há castigos como suspensão da alimentação, isolamento e trabalho sem direito a descanso.
As instituições mato-grossenses citadas no relatório do Conselho Federal de Psicologia são: Comunidade Terapêutica Raiz de Jessé (Várzea Grande); Moriah Centro de Recuperação (Chapada dos Guimarães); Amparu Comunidade Terapêutica Vida Serena (Várzea Grande); Lar Cristão Ala Feminina (Cuiabá) e JKR (Cuiabá).
Os casos mais graves foram encontrados pela inspeção do Conselho na instituição Raiz de Jessé, no Lar Cristão Ala Feminina e na Amparu Comunidade Terapêutica Vida Serena. Em todas elas, os internos são obrigados a frequentar os cultos evangélicos.
Na primeira, Raiz de Jessé, vários problemas foram detectados. O modo de lidar com conflitos ou "rebeldias" é mediante "disciplina", com aplicação de "trabalhos", na maioria das vezes, cavar um buraco; conflitos são resolvidos com advertência, punição e expulsão. As crises de abstinência são consideradas "frescura", e o paciente "tem de aguentar". Além disso, não há assistência.
Na Amparu-Vida Serena, segundo o relatório, o interno é acordado às 4 horas e colocado para trabalhar "na enxada" até às 6 horas da manhã, sem intervalo para descanso. Às vezes, o paciente fica incomunicável por cinco dias.
No caso do Lar Cristão Ala Feminina, que fica em Cuiabá, as internas não são obrigadas a "ser crentes", mas devem seguir todas as regras baseadas na religião; quando essas regras são desobedecidas, as usuárias ficam sem refeição até o momento em que obedecerem.
De acordo com a psicóloga Priscila Batistuta, presidente da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia, a intenção do Conselho Federal foi levar a público a situação das clinicas de tratamento, mas cabe ao Governo tomar as providencias, para evitar que o desrespeito aos direitos humanos aconteça.
Segundo ela, o estudo foi feito em parceria com o Ministério Público e outros órgãos públicos. Agora, cabe a eles, tomar as atitudes. "O que o Conselho Regional pode fazer é orientar sobre os direitos humanos e sobre a melhor forma de lidar com essas pessoas em tratamento. O nosso foco é o profissional que trabalha diretamente com eles", explicou.
Comentários