Lessa nega denúncia de participação na morte do juiz Leopoldino
O secretário de Justiça e Direitos Humanos, desembargador aposentado Paulo Lessa, desmentiu nesta quarta (30) as afirmações do juiz aposentado compulsoriamente José Geraldo Palmeira. Em depoimento à Polícia Federal nesta semana, Palmeira acusou o membro do staff do governador Silval Barbosa (PMDB) de ter participado de uma reunião na casa de Josino Guimarães, dias antes da morte do juiz Leopoldino Marques do Amaral. Josino é acusado de ser o mandante do crime. O encontro com Lessa e outros magistrados, que não foram citados, teria sido para planejar o assassinato.
Em sua defesa, o secretário garatiu que sequer conhece Josino. "Nunca estive na casa dele e não tenho nenhum vínculo de amizade para isto. Só o conheço pela fama, assim como ele deve me conhecer também", disse. O secretário atribuiu a vinculação de seu nome ao caso por uma inimizade com Palmeira. As divergências entre eles teriam começado em 1999, quando o magistrado foi afastado de suas funções pela primeira vez. Lessa afirmou que seu voto foi o responsável pelo desfecho do caso. O desembargador disse também ter atuado no julgamento que aposentou Palmeira compulsoriamente. "Isso é motivo mais que suficiente para ele agir assim", apontou.
O secretário lembrou ainda da ação que impetrou contra os juízes aposentados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Marcelo Barros e Antônio Erácio da Silva Neto, por danos morais. Segundo Lessa, ambos são amigos de Palmeira. O secretário frisou que o depoimento do ex-magistrado foi expontâneo e realizado dias após ele ingressar com o processo contra os outros dois. "Se tudo isso fosse verdade, porque ele (Palmeira) esperou tanto tempo para se manifestar?", alfinetou.
Leopoldino foi assassinado em 1999, após denunciar um esquema de venda de sentenças envolvendo membros do Judiciário mato-grossense. Ele foi morto com dois tiros na cabeça. Seu corpo foi encontrado em Concepción, no Paraguai, parcialmente carbonizado. Para Lessa, seu nome só vem sendo associado ao crime devido a sua participação nas investigações de um suposto esquema de desvio de dinheiro por Leopoldino.
Lessa conta que o Tribunal de Justiça (TJ) já possuia provas contra o juiz. Ele também disse que o julgamento de Leopoldino estava agendado para ocorrer dois dias após a data de sua morte. Segundo Lessa, o juiz havia desviado pelo menos R$ 2 milhões dos cofres públicos. "Em valores corrigidos, a dívida chega a R$ 12 milhões. O Estado paga precatórios até hoje", frisou.
À época, Lessa era corregedor do TJ e estava entre os acusados por Leopoldino. O secretário afirmou, contudo, que ambos nunca tiveram qualquer divergência. Lessa também revelou que o magistrado não tinha as provas que havia anunciado. "Ele utilizou a acusação como uma forma de tentar se defender", aponto.
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