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Internacional
Segunda - 28 de Novembro de 2011 às 07:28

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Após a queda do presidente Hosni Mubarak, começa nesta segunda-feira no Egito um histórico processo eleitoral, que será marcado pela desconfiança dos milhares manifestantes da praça Tahir e das dúvidas sobre as intenções da Junta Militar.

Cerca de 16 milhões de egípcios, de uma população de 80 milhões, deverão comparecer às urnas nesta segunda, na primeira fase das eleições, que ocorrerá neste momento em nove províncias, incluindo o Cairo.

Nos próximos 43 dias, os cidadãos serão convocados para votar em doze etapas para escolher a Assembleia do Povo (Câmara Baixa), apesar de cada um dos três turnos acontecer em províncias diferentes.

Na praça Tahrir, onde milhares de pessoas protestaram neste domingo para pedir a saída imediata dos militares do poder, o processo é visto com cautela.

"Não queremos eleições, queremos um governo revolucionário liderado por [Mohammed] ElBaradei ou [Abdelmoneim] Abul Futuh", disse à Agência Efe o advogado Yasser Atef, de 27 anos, na praça Tahir, onde passou a última semana acampado.

A seu lado, Abu Hussein, também de 27 anos, diz que assim como Atef não vai votar. "Queremos um estado civil, não um estado militar nem religioso", afirmou.

Com um curativo na mão direita, o jovem denuncia que o ferimento foi causado por uma bala de borracha disparada pela polícia nos confrontos dessa semana.

JUNTA MILITAR

No outro lado da praça, Magdi Eid Muhamad diz que também não participará das eleições, mas por motivos diferentes. Ele acredita que a Junta Militar deveria seguir governando o país.

"Estive seis anos no Exército e juro por Deus que não vi nada mau ali", assegura Muhamad, que esteve na sexta-feira passada na manifestação organizada num bairro do Cairo em apoio aos dirigentes militares. Neste domingo, pela primeira vez desde o início dos conflitos, ele pisou na praça Tahir.

No meio desta divisão, está o chefe da Junta Militar, marechal Hussein Tantawi. Ele declarou recentemente que as Forças Armadas manterão o mesmo lugar na Constituição que for elaborada após a formação do novo Parlamento, o que causou muita polêmica.

"O lugar do Exército foi o mesmo na Constituição anterior, é o mesmo na atual e será idêntico na próxima e em todas as constituições", afirmou Tantawi após uma reunião com oficiais do exército, segundo a agência estatal "Mena".

CONTROVÉRSIAS

A função dos militares e as prerrogativas que a Junta Militar deseja manter são objeto de controvérsia e críticas por parte dos partidos políticos.

Tantawi, que foi ministro da Defesa durante o regime anterior, prosseguiu hoje os contatos com os principais líderes políticos do Egito nestas eleições, que também vão definir os integrantes da Shuria (Câmara Alta).

Neste domingo, ele recebeu aos candidatos presidenciais Salim al Aua e Amre Moussa, o presidente do partido Wafd, Sayed Badawi, e o magnata cristão Najib Sawiris, fundador do Partido dos Egípcios Livres.

O aspirante à Presidência e prêmio Nobel da paz, Mohamed El Baradei se recusou a participar da reunião, embora tenha se encontrado com Tantawi neste sábado.
"Não tenho nenhum impedimento para conversar com qualquer pessoa e escutar todos os pontos de vista", afirmou o marechal.

Tantawi parece consciente dos desafios que enfrenta o país, que como ele mesmo reconheceu nesta véspera de eleições "está numa encruzilhada: ou triunfará e se tornará um país sadio, ou viverá consequências muito graves".





Fonte: EFE

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