"Estamos cientes de que há vítimas no Paquistão", disse o general Carsten Jacobson, porta-voz da força internacional da Otan no Afeganistão (Isaf), destacando que "é bastante provável" que elas tenham sido causadas por uma ação da coalizão.
Segundo a agência Reuters, duas fontes militares disseram que 28 soldados foram mortos e 11 ficaram feridos no ataque. A agência France Presse informou que o total de mortos chega a 26.
Segundo o Paquistão, o ataque da Otan ocorreu na madrugada em uma zona tribal na fronteira entre os dois países, um tradicional reduto de talibãs e da rede Al-Qaeda, que realizam ataques constantes contra tropas da Otan em território afegão.
O primeiro-ministro, Yusuf Raza Gilani, protestou "nos termos mais enérgicos" perante a Otan e os Estados Unidos, país que dirige a coalizão, e realizou uma reunião de emergência em Islamabad com o presidente Asif Ali Zardari e com os chefes das Forças Armadas.
Em represália, o governo do Paquistão ordenou o bloqueio de todos os comboios de abastecimento da Otan no Afeganistão que passam por território paquistanês.
Uma caravana de caminhões que se encontrava perto de cruzar a fronteira em Khyber "foi reenviada a Peshawar", principal cidade do nordeste do país, disse Muthair Hussein, responsável pela administração de Khyber, por onde passam as cargas de provisões da Otan.
A grande maioria das provisões da Otan no Afeganistão chega por barco até Karachi, porto do sul do Paquistão, e depois transita por terra através de Peshawar e pela fronteira de Khyber, ou através de Quetta e da cidade fronteiriça de Chaman.
Nos últimos anos, o Paquistão denunciou por diversas vezes a violação do espaço aéreo nacional por parte da Isaf. A última crise ocorreu em setembro, quando o país acusou a força internacional de matar dois soldados paquistaneses.
Os Estados Unidos acusam regularmente o Paquistão de fazer um jogo duplo e de sustentar clandestinamente rebeldes talibãs para defender seus interesses estratégicos no Afeganistão, de onde a Otan pretende retirar todas as suas tropas antes do fim de 2014.
As relações entre os dois países se deterioraram seriamente depois que um comando americano invadiu o espaço aéreo paquistanês e matou o então líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, na cidade de Abbottabad, no norte do Paquistão, em maio.
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