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Agronegócios
Sexta - 25 de Novembro de 2011 às 07:48
Por: MARIANNA PERES

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A falta de mão-de-obra e de pessoal qualificado para execução de determinadas funções no campo já é considerada um dos cinco maiores desafios à produção de soja em Mato Grosso. Na opinião de sojicultores de norte a sul, leste a oeste do Estado, este problema supera, neste momento em que o plantio entra na reta final, itens comumente reclamados e reivindicados pelos ruralistas como acesso ao crédito, soluções ao endividamento e à logística.

A preocupação do segmento mato-grossense foi percebida por meio da terceira edição do Circuito Tecnológico Aprosoja no Campo – Safra 2011/12, idealizado pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), que percorreu os principais municípios produtores do Estado, acompanhando a campo o plantio da safra. Esse ‘raio X’ da sojicultura mato-grossense visitou 44 municípios de 17 a 28 de outubro, percorreu 19 mil quilômetros e somou cobertura in loco de 517 mil hectares, o que representa 33% da atual área plantada, de cerca de 6,78 milhões de hectares. A visita a cada uma das 320 propriedades foi acompanhada de questionários quantitativos e qualitativos a respeito de vários fatores da porteira para dentro que influenciam direta e indiretamente na produção e foi sobre a questão dos desafios à produção, que o item mão-de-obra surgiu como mais um gargalo ao potencial de celeiro do mundo, que o Estado carrega.

Neste quesito, a maior preocupação entre os entrevistados está relacionada ao clima (33%), depois às leis trabalhistas (22%), normas ambientais (16%), tecnologias e cultivares (15%) e a mão-de-obra (14%). Estratificando as informações obtidas pela entidade, “esse apagão” no campo é visto em três das quatro regiões estaduais. Entre os entrevistados, 71,1% dos localizados na porção oeste, disseram sim, que enfrentam problemas em recursos humanos. No norte, 53,1% disseram sim e no sul, 55,3%. Na região leste, a maioria, 64,7%, afirmou não ter esse problema. Ainda dentro do questionário, as equipes da Aprosoja/MT perguntaram qual era o problema enfrentado em relação à mão-de-obra, a maioria apontou a falta de qualificação como o maior entrave ao bem desempenho da atividade. No leste foram 50% do total entrevistado, no norte 67,3% e no sul, 53,8%. Mas outros aspectos foram revelados como a alta rotatividade, sentida por 33% dos sojicultores do leste estadual, falta de pessoal disponível, como o apontado por 46,2% no sul e a falta de mão-de-obra especializada por 65,6% no oeste e 54,6% no norte.

“A falta de mão-de-obra impede o crescimento do Brasil. Essa escassez não permite que o país avance além de taxas de 3% a 4%, como as que temos observado. Esse diagnóstico é grave e pode comprometer a oferta de alimento ao mundo, pois só o Brasil e especialmente, Mato Grosso, têm condições de expandir a área de produção apenas utilizando hectares que estão degradados, sem que a expansão seja um acréscimo espacial”, frisa o presidente da Aprosoja/MT, Glauber Silveira.

Como explica Silveira, nos próximos dez anos, Mato Grosso terá de dobrar a produção de grãos, uma demanda de nível mundial. Considerando a produção atual de soja prevista para esta temporada, de 21,52 milhões de toneladas (4,6%), em dez anos o volume deveria atingir cerca de 43 milhões, total muito próximo dos 50 milhões produzidos atualmente pela Argentina.

IMPACTO – Ainda não existem fundamentos que liguem à falta de material humano ao desinteresse do produtor mato-grossense em expandir sua área de produção. Conforme Silveira, durante o Circuito ficou claro essa abnegação e isso preocupa muito. “Como vamos fornecer alimentos ao mundo e dobrar a produção na próxima década”, questiona.

Conforme os relatórios extraídos do campo, mesmo que 65% dos entrevistados – maioria absoluta – estejam há cerca de 30 anos na atividade – 60,9% dos mais de 300 ouvidos se disseram sem qualquer interesse em investir em novas áreas ante apenas 36,4% que pretendem ampliar de forma espacial as lavouras. E entre os que disseram não à expansão, a maioria (73,3%) está na região oeste do Estado. E quem disse sim, foi questionado sobre a forma como pretende aumentar sua produção e 65,2% disseram que será por meio de arrendamentos de hectares de soja ou de pasto e 23,9%, por meio da compra de áreas de grãos e pasto.

“Precisamos avaliar melhor que motiva essa falta de perspectiva de ampliação de área. Pode ser pela falta de sucessores, pelo cansaço da própria atividade e até por questões que extrapolam a porteira das propriedades, como por exemplo, a falta de logística que continua sendo o maior gargalo à produção mato-grossense”, explica o gerente técnico da Aprosoja/MT, Nery Ribas.




Fonte: Do DC

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