Materiais para cirurgia gástrica seriam levados para SP e RJ; apreensão é inédita em MS
PRF apreende equipamento hospitalar vindo da Bolívia na BR-262 próximo a Miranda
As estradas de Mato Grosso do Sul são rotas conhecidas pelo crime organizado internacional que utiliza os “corredores” do Estado para transportar contrabando, como cigarros e diversos tipos de entorpecentes. Na madrugada de sábado (19), no entanto, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) fez uma apreensão inédita: identificou um caminhão repleto de equipamentos utilizados em cirurgias médicas. “Esse tipo de carga nunca havia sido apreendido anteriormente no Estado. Tudo estava sem nota fiscal”, disse o inspetor-chefe do Núcleo de Comunicação Social da PRF, José Ramão Mariano Filho.
Na carga estavam 190 caixas de material de alta tecnologia utilizado para realizar procedimentos cirúrgicos como cirurgias gástricas por videolaparoscopia, videolaringoscopias e até procedimentos para estética como lipoaspiração. Além da sonegação fiscal e condições de transporte irregular, a polícia ainda precisa identificar os outros equipamentos apreendidos para saber se o uso destes é permitido em território brasileiro.
A apreensão aconteceu na madrugada de sábado na rodovia BR-262, nas imediações de Miranda, em um caminhão Mercedes Benz 1513, placas de Mato Grosso do Sul. A abordagem foi realizada durante a Operação Sentinela que há alguns meses vem “fechando” as fronteiras do Brasil com os países vizinhos. “Era um caminhão bastante velho e parecia conter carga simples. Poderia ter passado desapercebido, mas com a Operação Sentinela temos abordado quase todos os veículos que transitam na região próxima à fronteira”, comentou o inspetor da PRF.
Durante a entrevista com o motorista do caminhão, houve suspeita de que a carga era ilegal e ao abrir o compartimento, a surpresa. As caixas estavam todas empilhadas e lacradas. Todo o material hospitalar é novo.
Tecnologia de ponta
Os fabricantes dos equipamentos apreendidos, segundo a PRF, são indústrias dos Estados Unidos e da Alemanha. A informação é de que os equipamentos entraram no Brasil, via Bolívia, acessando o território nacional pela cidade de Corumbá.
O motorista do caminhão disse em depoimento que não tinha conhecimento do conteúdo da carga – mas estava ciente de que não havia nota fiscal para o produto transportado. A carga fora abastecida em uma transportadora em Corumbá e seria descarregada em outra empresa do ramo em Campo Grande, segundo o motorista. Daqui, provavelmente seguiria para os grandes centros, principalmente as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, de acordo com informações apuradas pela reportagem.
O motorista, caminhão e toda a carga foram trazidos para a sede da Polícia Federal em Campo Grande. A partir de hoje, deve ser realizada a identificação do material e instauração de inquérito investigativo pela PF.

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