Seduc antecipou data de reajuste salarial para encerrar greve de 65 dias. Categoria deve se reunir na próxima quinta (17) para avaliar nova proposta.
Governo altera proposta para tentar encerrar greve de professores em MT
A Secretaria estadual de Educação (Seduc) apresentou nesta terça-feira (15), Dia do Professor, uma nova proposta de reajuste salarial para tentar encerrar uma das mais extensas greves da categoria na rede pública em Mato Grosso, a qual já dura 65 dias. Após sucessivas rodadas de negociações sem quaisquer alterações na posição do governo, os professores devem agora se reunir na próxima quinta-feira (17) em assembléia geral para deliberar se aceitam ou não a nova proposta e se encerram a greve.
A nova proposta foi apresentada em reunião na sede da Seduc na tarde desta terça. Enquanto isso, parte dos professores saiu do acampamento montado nas proximidades e se dirigiu à frente do prédio da Assembleia Legislativa (AL) a fim de cobrar ação por parte dos deputados estaduais em prol da causa da educação.
Os professores chegaram a montar tendas no gramado da AL e sambaram na entrada do prédio com cartazes e faixas de protesto. Contudo, os parlamentares não estavam na Casa devido à morte do ex-deputado, ex-prefeito de Várzea Grande (cidade da região metropolitana de Cuiabá) e ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Ary Leite de Campos.
Antes da reunião nesta terça-feira, governo e professores haviam parado em dois pontos da pauta de reivindicações: a data-base para o reajuste salarial dos trabalhadores e os percentuais de pagamento da hora-atividade para os professores contratados temporariamente.
Após intervenção do Ministério Público (MP), a Seduc obteve autonomia do governo estadual e da equipe econômica para, com aval da Secretaria de Administração (SAD), apresentar uma nova proposta em cima dos dois pontos de impasse – o que foi formalizado nesta terça-feira.
Professores se reuniram na entrada da AL nesta terça (15), mas sessão foi suspensa. (Foto: Renê Dióz/G1)
Nova proposta
O governo já havia se comprometido a reajustar progressivamente o salário dos professores de modo a dobrar o poder de compra deles em até 10 anos. Seguindo essa lógica, o salário sofreria acréscimos a partir de maio do ano que vem, data-base que os trabalhadores rejeitaram. O Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público (Sintep) defendia o início do reajuste progressivo em janeiro.
Negociação e manifestação na AL marcaram Dia
do Professor, nesta terça (15). (Foto: Renê Dióz/G1)
Nesta terça-feira, a titular da Seduc, Rosa Neide, propôs aos professores uma nova data-base: março de 2014, dois meses antes da proposta anterior, quando 5% de ganho real seriam concedidos.
A partir daí, os reajustes voltariam a ser concedidos no mês de maio até o ano de 2023, quando a categoria finalmente obteria um ganho real de 100% no salário.
Outro ponto que sofreu alteração foi o percentual de pagamento da hora-atividade (um dos componentes da remuneração dos profissionais hoje) para os professores contratados temporariamente. Este valor teoricamente corresponde a um terço da remuneração, mas não tem sido pago pelo estado.
A Seduc havia antes se comprometido a implantar gradativamente a hora-atividade, progredindo em um terço para cada ano até 2016.
Segundo presidente do Sintep, categoria analisa
proposta na quinta (17). (Foto: Renê Dióz/G1)
Os professores rejeitaram o cronograma e provocaram uma alteração na proposta do governo. Agora, a Seduc fala em começar a pagar 40% do valor em 2014, outros 30% em 2015 e passar a pagar a hora-atividade integralmente a partir de 2016.
Assembleia
Durante a reunião em que apresentou a nova proposta, Rosa Neide contou com a presença do secretário de Administração, Francisco Faiad, o qual assegurou que os grevistas não deverão sofrer retaliação por parte do governo – como o bloqueio dos salários.
Porém, o presidente do Sintep, Henrique Alves, explicou que as bases do sindicato em todo o estado precisam primeiro apreciar a nova proposta formalizada pelo governo estadual.
Ele anunciou que a categoria deverá se reunir em assembleia geral na tarde da próxima quinta-feira para votar pela retomada ou não dos trabalhos nas escolas estaduais.
De acordo com levantamento do Sintep, de 717 escolas estaduais, 500 atualmente estão paradas. Na região metropolitana de Cuiabá, cerca de 85% unidades estariam sem atividades desde agosto.
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