Saldo comercial surpreende e supera previsão
O ano se aproxima do fim com resultados de crescimento econômico e inflação no Brasil bem piores do que se previa no início de 2011. Mas em um indicador, pelo menos, houve uma grande surpresa positiva: a balança comercial. Segundo projeções coletadas pelo Banco Central (BC), a expectativa do mercado no começo do ano era de que o saldo comercial seria de US$ 8,1 bilhões. Na última rodada de coletas, relativas ao dia 11 de novembro, a projeção já havia subido para US$ 28 bilhões, um salto de praticamente US$ 20 bilhões ao longo do ano. Até a segunda semana de novembro, o saldo anual já acumulava US$ 26,4 bilhões.
"Eu fui chamado de louco no final de 2010 com a minha projeção de US$ 26 bilhões", diz José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
O bom desempenho da balança comercial evitou que o déficit em conta corrente brasileiro ultrapassasse o limite considerado delicado pelos analistas. No final de 2010, as projeções do déficit em conta corrente para 2011 bateram em quase US$ 70 bilhões. Agora, elas já caíram para US$ 55 bilhões, num recuo de US$ 15 bilhões.
"O déficit em conta corrente acabou ficando num nível muito tranquilo, abaixo de 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto)", diz Bruno Lavieri, economista da consultoria Tendências. O limite que causa mais alarme é quando o indicador ultrapassa 4% do PIB, mas a partir de 3% ou 3,5% a situação já começa a ficar incômoda para os economistas mais preocupados com a vulnerabilidade externa.
Segundo as projeções da Tendências, o déficit em conta corrente em 2011 deve ficar em US$ 54,9 bilhões, ou 2,2% do PIB. Essa perspectiva sustentável do déficit externo brasileiro vem contribuindo para ampliar a imagem de solidez dos fundamentos econômicos, que está por trás da promoção do rating (classificação de risco) do País, como o "upgrade" da S&P esta semana.
A Tendências também esteve entre a minoria das instituições que fez, no final de 2010, uma previsão acurada da balança comercial de 2011, apostando no número de US$ 28 bilhões.
O bom desempenho da balança comercial, porém, está cada vez mais calcado no sucesso do Brasil como exportador de commodities, o que inquieta os analistas preocupados com uma possível desindustrialização. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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