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Nacional
Sexta - 18 de Novembro de 2011 às 19:16

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Mike Daisey é um homem com uma missão: expor ao mundo os males da Apple e o lado sombrio de seu ex-presidente Steve Jobs, morto de câncer no mês passado.

Ator premiado, Daisey viaja pelos EUA -além de paradas em outros países- com o monólogo "The Agony and the Ecstasy of Steve Jobs", atualmente em cartaz em Nova York, onde fica até 4 de dezembro em um teatro fora do circuito da Broadway.

  Stan Barouh/Associated Press  
Mike Daisey em sua peça sobre a Apple e Steve Jobs
Mike Daisey em sua peça sobre a Apple e Steve Jobs

Criado por Daisey, que ocupa o centro do palco sentado a uma mesa de estrutura de alumínio e tampo de vidro, o espetáculo de duas horas revê a história da Apple e expõe a paixão do ator pelo design elegante e pela tecnologia dos produtos da empresa.

Aos poucos, Daisey mergulha na nebulosa área da fabricação de iPads, iPhones e congêneres, terceirizada para empresas da China. É então que "A Agonia e o Êxtase de Steve Jobs" --que não tem texto escrito, é recriada a cada performance-- ganha seus contornos mais dramáticos.

Daisey aborda a exploração de mão de obra infantil e o regime de trabalho imposto a funcionários da Foxconn, a mais famosa empresa chinesa contratada pela Apple.

As revelações são baseadas em uma visita que o ator fez à China no ano passado. Posando como empresário e potencial cliente, circulou pelas instalações da Foxconn e conversou com vários trabalhadores. Com linguagem apaixonada, faz com que o público acompanhe sua trajetória rumo ao conhecimento.

Steve Wozniak, cofundador da Apple, viu a peça em fevereiro, em Berkeley. "As coisas chocantes mostradas por Mike me levaram às lágrimas. Ele vivia a dor que relatava", disse ao "Bay Citizen".

A situação da Foxconn, onde funcionários cometeram suicídio, também foi exposta na imprensa internacional. Sobre elas, um porta-voz da Apple afirmou que a empresa "exige de seus fornecedores os mais altos padrões de responsabilidade social".

Em Nova York, a peça estreou poucos dias após a morte de Jobs. Oskar Eustis, diretor artístico do Public Theatre, onde o monólogo está em cartaz, distribuiu comunicado expressando condolências à família e dizendo:

"Steve Jobs teve um impacto enorme em nossas vidas; de muitas maneiras, o mundo que ele deixou para nós é o que ele criou. Este é um momento perfeito para contemplar aquele mundo, seus valores e suas práticas, e decidir que partes de seu legado devemos abraçar e que partes devemos rejeitar."

NOVO FINAL

À Folha, o ator Mike Daisey afirmou que mudou o texto quando Jobs deixou a Apple e que reescreveu o final da peça quando ele morreu. "A peça muda o tempo todo. Quando Jobs morreu, decidi tornar o final mais sombrio. Porque antes ele tinha a possibilidade de fazer alguma coisa e, agora, não mais."

A cruzada de Daisey não acaba quando as luzes do teatro se acendem. Na saída, o público recebe panfletos que começam com a provocadora pergunta: "O que acontece a seguir?" A resposta, assinada com as iniciais "MD", é "depende de você".






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