Na época em que adquiriu sua moto, em 2008, Girardi pagou R$ 50.000 nela e gastou mais R$ 25.000 para deixá-la "a sua cara". Motociclista há 10 anos, o empresário se apaixonou por motocicletas modificadas e, através da internet, descobriu uma oficina especializada para realizar seu sonho. A moto passou por uma transformação geral: recebeu novo banco, trocou guidão e ganhou nova pintura. “Já estou pensando em novas customizações. Agora quero fazer uma para minha esposa”, diz.
Harley-Davidson Nightrain recebeu até pneus de
cravos na dianteira (Foto: Arquivo pessoal)
O processo pode demorar até um ano, como foi o caso do empresário César Sanzone, que customizou sua Harley-Davidson Nightrain. “Você chega com uma ideia e as coisas podem ir mudando no decorrer do trabalho”, conta Sanzone. Sua motocicleta está irreconhecível e somente o motor restou do conjunto. “No final, você se torna amigo de quem está trabalhando em sua motocicleta”, acrescenta. Ele reserva a moto para rodar apenas em dias de rodízio e nos finais de semana. “Na rua todo mundo olha”, finaliza.
Negócio atrai até piloto
Além dos usuários, a customização de motocicletas fez surgir os empresários do setor. Com trabalhos que podem custar até R$ 300 mil, o número de oficinas aumenta. “É um mercado crescente no Brasil e aqui as pessoas são muito bem informadas”, explica Ricardo Medrano, da Johnnie Wash, responsável por modificar a moto de Sanzone. Medrano possui, além da oficina de customização, um bar onde costuma reunir seus clientes e amigos.
Na maioria das vezes a pessoa entra por acaso neste ramo. É o caso do ex-piloto de Fórmula 1, Tarso Marques, que começou a fazer motos para ele, passou a produzir para os amigos e, por fim, transformou o hobby em um negócio. Atualmente, Tarso possui oficina e showroom em Curitiba e um escritório em São Paulo. “Já trabalhamos em mais de 500 motos. Atualmente, expandi as modificações para carros, lanchas, aviões e helicópteros”, comenta Marques.
Sua oficina é responsável por um dos modelos mais extravagantes do país, a O´Bike. Para sua contrução, foi utilizada como base uma Harley-Davidson 883R, da qual restou apenas o motor e os comandos de mão. Em sua construção foram utilizadas 3 mil folhas de ouro e ainda uma quantidade de ouro em pó. O metal precioso foi aplicado nas rodas e no chassi. A motocicleta já foi exposta em diversos lugares do mundo e agora está à venda pelo valor de R$ 135.000.
Tarso Marques produziu a O´Bike que custa R$ 135.000 e ten detalhes em ouro (Foto: Rafael Miotto)
Alguns customizadores deixaram para trás outras carreiras para seguir neste mercado. “Sou formado em arquitetura e era fotógrafo de moda. Há cinco anos comecei com a oficina e, atualmente, vivo dela, juntamente com minha esposa”, explica Fernando Costa, proprietário da Spades Kustom Cycles, que realizou o projeto da moto de Eduardo Girardi.
Personalizações mais baratas
Apesar do crescimento das opções no país, a customização profissional ainda é um mercado muito restrito e assim deve continuar. “As pessoas buscam por motos exclusivas e isto demanda tempo e dinheiro para se tornar realidade”, explica Tarso Marques. Em média, uma customização custa de R$ 25.000 a R$ 60.000. Contudo, é possível fazer modificações mais simples e, portanto, gastar menos.
O técnico automotivo Marcelo de Barros utiliza seus conhecimentos para personalizar sua CG 150 Titan 2008. “Minha moto é muito simples, espartana, por isso busco melhorias para ela”, explica. Entre as modificações empregadas estão novo guidão, mais estreito que o original, lanterna de LED e até um GPS.
Marcelo de Barros colocou lanterna em LED, novo guidão e GPS em sua moto (Foto: Rafael Miotto)
“A lanterna de freio fiz em casa. Pesquisei na internet e usei um projeto de base para o meu. De componentes gastei no máximo R$ 25”, comenta.
A lista para acessórios é extensa no país e o usuários podem encontrar guidões, escapamentos, protetores de mãos, entre outros, a preços acessíveis. Os guidões, por exemplo, custam a partir de R$ 25 e um escapamento parte de R$ 300. Qualquer oficina pode realizar as trocas.
Mudança precisa de aval
Saber exatamente o que pode ser feito e o que não pode, em relação a modificações em motos, requer pesquisa. A resolução nº 292 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que rege o assunto, recebeu adendos. Assim, é preciso checar o que está valendo atualmente sobre cada mudança que planejar no veículo, antes de realizar a customização. Isto vale também na instalação de acessórios, como guidões e escapamentos.
VEJA MODIFICAÇÕES PROIBIDAS PELO CONTRAN EM MOTOS |
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- Utilizar rodas/pneus que ultrapassem os limites externos dos pára-lamas do veículo; | |
- Aumento ou diminuição do diâmetro externo do conjunto pneu/roda; | |
- Substituir o chassi ou monobloco de veículo por outro chassi ou monobloco, nos casos de modificação, furto/roubo ou sinistro de veículos, com exceção de sinistros em motocicletas e assemelhados; | |
- A instalação de fonte luminosa de descarga de gás, excetuada a substituição em veículo originalmente dotado deste dispositivo. | |
Fonte: Resoluções nº 292, nº 319 e nº 382; Deliberação nº 75; e Portaria nº 25 |
Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o primeiro passo para realizar uma modificação é ir ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran) local e solicitar autorização para as alterações planejadas. Após a realização das modificações, o proprietário deve seguir com a moto para uma das oficinas credenciadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), para inspeção. A lista das oficinas está no site do instituto.
Se aprovado o veículo com a modificação, a última etapa é voltar ao Detran para a obtenção do número do Certificado de Segurança Veicular (CSV), que é registrado no campo das observações do Certificado de Registro de Veículo (CRV) e do Certificado de Registro de Licenciamento de Veículos (CRLV)
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