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Economia
Quarta - 16 de Novembro de 2011 às 19:48

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Em viagem à Malásia, é interessante ver como o País respira palma. Ao desembarcar no aeroporto já se podem ver as imensas plantações desta palmeira, cujo principal subproduto é o óleo de palma, principal óleo consumido no mundo. Cerca de 70% da área agrícola da Malásia é cultivada com palma. E apesar da grande contribuição para o PIB do país, contribuindo com 10% das exportações, o governo tem uma grande preocupação com a monocultura, pois já tiveram problemas com a borracha em crises de demanda.

A palma ocupa hoje uma área de 4,8 milhões de hectares e gera para a Malásia uma receita bruta de exportações de 20 bilhões de dólares, a mesma gerada pela soja ao Brasil. A diferença é que lá eles ocupam 16% do território nacional, enquanto que a soja ocupa apenas 2,5% do território brasileiro. A borracha, que foi trazida do Brasil, já foi o produto agrícola mais importante da pauta de exportações da Malásia e atualmente ocupa o segundo lugar no ranking das exportações, com 7 bilhões de dólares.

Nas questões relacionadas à área ambiental, eles enfrentam problemas muito parecidos com os nossos. Em reunião com a MPOC- Associação da Cadeia da Palma - foi nos relatado que as ONGs têm agido de maneira extremamente radical e divulgam informações irreais sobre a cultura da palma. O país avalia e ainda tem várias dúvidas sobre a participação na RSPO (Mesa Redonda de Óleo de Palma Responsável), instrumento similar ao RTRS (Mesa Redonda da Soja Responsável).

De acordo com os representantes da MPOC, a mesa redonda da palma parece defender interesses ocultos do mercado europeu. Algo muito mais ligado ao protecionismo de mercado do que propriamente uma preocupação ambiental. Em contrapartida ao RSPO, eles nos disseram que possuem um Fundo de Conservação Ambiental, e parte da venda do óleo vai para este fundo .

Durante a Eco92, segunda Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, a Malásia assumiu o compromisso de manter 50% do país com florestas e utilizar 23% do território com agricultura. Como efeito de comparação, o Brasil possui 60% do território com vegetação intocada, os 10% que temos a mais que eles equivalem a três Malásias.

Eles já estão quase alcançando os percentuais definidos na Eco92 e por isso vão expandir o cultivo da palma para a África. O continente africano tem 40 milhões de hectares aptos para agricultura, que ainda não são aproveitados. Existe também a possibilidade deles virem para o Brasil, porém, para isso destacam que é necessário o país garantir a segurança jurídica necessária.

Na Malásia as reservas são unificadas, eles fizeram um zoneamento nacional, definiram quais as áreas deveriam ser utilizadas para agricultura e as que deveriam ter a floresta nativa conservada. O país tem algumas exigências de biodiversidades, como proteção de nascentes, conservação de solos, que variam de acordo com a região onde a produção se encontra, mas as áreas de preservação pertencem ao governo.

Visitamos a Sime Darby, uma empresa que produz 2,4 milhões de toneladas de óleo de palma e responde por 6% do total produzido no mundo. Possuem 523 mil hectares plantados com palma, sendo 360 mil na Malásia e 163 mil na Indonésia, e eles possuem ainda uma área de expansão na Indonésia de 120 mil hectares e 220 mil na Libéria, país localizado na África. A produção é quatro toneladas por hectare. O desafio agora é conseguir aumentar a produtividade da palma e o percentual de extração de óleo. Todo o óleo produzido por eles na Malásia é certificado a um custo de 25 a 30 dólares, mas a certificação não tem gerado nenhum prêmio, apenas custo.

A produção de palma na Malásia e originada 60% de empresas e 40% de pequenos produtores. Nos primeiros dois anos, período que a palma ainda não produz óleo, o governo tem subsidiado os pequenos produtores, já que durante este período não possuem renda. A área dos pequenos produtores é de 1 a 2 hectares. A palma tem uma vida útil de produção de 30 anos.

O consumo mundial de óleo deve crescer muito, já que a China consome 23,6kg/ano per capita e Índia 14,2 kg/ano, pouco se comparado ao consumo da Europa e dos EUA, que são, respectivamente, 60,5 e 49,8 kg/ano. Analistas indicam que a demanda pelo óleo de palma deve continuar aumentado apesar da crise mundial. A referência mundial de preço para óleo é com base no óleo de palma, que o principal óleo produzido no mundo nos últimos 10 anos, superando o óleo de soja.

O território para produção agrícola esta diminuindo e as populações estão crescendo, 40% da produção de óleo de palma vem da Malásia, que representa 11% do mercado mundial de óleos. O óleo de palma vem aumentando sua participação em diversos países, mas os produtores esperam crescer muito mais e estão se esforçando para isto.

É estimulante ver o quanto a palma é referendada na Malásia, não só pelo setor privado, mas também pelo governo, pois é notória a contribuição da cultura como fonte geradora de indicadores sociais, ambientais e econômicos ao país.

 

Glauber Silveira é presidente da Aprosoja-MT e da Aprosoja Brasil





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