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Nacional
Segunda - 14 de Novembro de 2011 às 13:13

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Dois filhos, esposa, profissão serralheiro. Há um ano trabalhando no mesmo local, o maranhense Marcelo Batista da Silva está desmontando seu comércio. “Vi que o pessoal começou a mexer com as máquinas aqui perto e que o ‘barraquinho’ estava na frente. Comprei o terreno sabendo que a área é da Prefeitura. Tenho minha família e não tenho pra onde ir. ‘Tô’ aguardando alguém me falar o que vai acontecer”, disse. A resposta que trouxe segurança ao serralheiro veio em seguida. A coordenadora do programa Justiça Comunitária, juíza Ana Cristina Silva Mendes, explicou que todos os casos serão verificados individualmente. “Na medida em que falamos em desapropriar domicílios ou comércios, avaliamos caso a caso e acredito que o dele será resolvido também, como pretendemos com todos os moradores desta região”, pontuou a magistrada, que liderou a equipe de 19 agentes comunitárias da Justiça e Cidadania que atuam no projeto Estudo do Impacto Socioeconômico da Construção da Avenida Parque do Barbado, em Cuiabá.

A iniciativa faz parte do calendário de ações da Secretaria da Copa do Pantanal (Secopa) e é desenvolvida em parceria com a Justiça Comunitária do Poder Judiciário de Mato Grosso e Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), instituição responsável pela aplicação do questionário de 194 perguntas que vai traçar o perfil socioeconômico da população atingida. A juíza Ana Cristina Silva Mendes sustentou que o trabalho dos agentes comunitários é fundamental. “Nosso trabalho é desenvolvido em conjunto com a equipe da Universidade Federal na coleta de dados. Nossos agentes estão preparados para uma abordagem às famílias de forma mais igualitária. Também estamos preparados para atuar em outro momento, na desocupação e desapropriação dos imóveis. Serão momentos individualizados, sempre utilizando a mediação em busca de se pacificar o meio. Às vezes é necessária a mudança e nosso objetivo é fazer com que ela ocorra da maneira mais fácil possível, preservando os direitos individuais também”, ponderou a magistrada.  
               
O secretário adjunto das ações de desapropriação da Secopa, Djalma Sabo Mendes Júnior, explicou que esta é a primeira ação que envolve a construção da Avenida Parque do Barbado em Cuiabá e que uma grande preocupação é o bem-estar das famílias que moram na região. “Precisamos deste cadastramento, deste perfil socioeconômico. Todo o planejamento das regiões para onde estas famílias serão deslocadas depende disto. A inserção dentro de um programa habitacional ou até mesmo a indenização pelas benfeitorias realizadas dependem destes dados coletados pelos parceiros. Este é um trabalho muito importante, por isso escolhemos instituições sérias para a realização deste trabalho social que realizaremos”. O secretário ainda informou que em levantamento preliminar realizado por meio de fotos aéreas, foram apontados cerca de 400 imóveis nos bairros Castelo Branco, Bela Vista, Pedregal, Renascer e parte do Canjica, regiões por onde o Córrego do Barbado passa.
    
Quase 80 pessoas realizam o trabalho de campo. Destes, 60 acadêmicos dos cursos de História, Geografia, Serviço Social, Psicologia, Pedagogia e Filosofia aplicam o questionário aos moradores da região beneficiada por uma das obras de mobilidade urbana mais importantes para a Copa de 2014. A doutora em gestão ambiental Onélia Carmem Rossetto, professora e pesquisadora responsável pelo estudo, sustentou que os resultados coletados servirão de subsídio ao Poder Público para a melhor gestão. “Nosso papel é de coleta de informações que darão respaldo às ações necessárias para a construção desta obra”.  
 
O pedreiro Agenor Borges de Paiva é morador do Bairro Bela Vista há 30 anos, criou os quatro filhos na mesma casa em que ainda mora e disse que concorda com possíveis mudanças. “Acredito que a mudança seja para melhor, vai melhorar nossa qualidade de vida. Se tiver que sair de casa, quero que seja para ficar aqui perto mesmo. Mas em nome do progresso, sem prejuízo, concordo com tudo”, asseverou o pedreiro. 






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