Novo governo grego dá espaço à extrema direita
Obrigado pela União Europeia e pelos mercados financeiros a montar um governo de coalizão para enfrentar a crise, o novo primeiro-ministro da Grécia, Lucas Papademos, nomeou quatro políticos de extrema direita para o primeiro escalão de seu gabinete. Entre eles estão Makis Voridis e Adonis Georgiadis, membros do Laos, movimento extremista que se tornou a quarta força política do país, criticados por suas ligações com o antissemitismo na Europa.
A inclusão da extrema direita no governo de Papademos mostra o desespero da classe política de Atenas para encontrar uma base de sustentação no Parlamento. Desde 1974, com a queda da ditadura militar, os partidos de extrema direita vinham sendo mantidos fora do poder.
O desafio é aprovar as reformas e os sucessivos planos de austeridade exigidos pela União Europeia, pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e se manter no poder pelo menos até fevereiro de 2012, quando serão realizadas as eleições gerais.
Dos 47 membros do governo nomeados por Papademos na sexta-feira, quatro são do Laos. Dos 17 ministros escolhidos pelo novo premiê, 14 integram o Movimento Socialista Pan-Helênico (Pasok), do ex-primeiro-ministro George Papandreou.
Em tempos de crise, o homem forte das finanças seguirá do Pasok: Evangelos Venizelos se mantém como ministro da Economia, que acumula com o cargo de vice-primeiro-ministro.
Já o partido de direita Nova Democracia (ND), o segundo maior do Parlamento - e o responsável pelas fraudes nas estatísticas da dívida grega -, assume pastas estratégicas, entre as quais as Relações Exteriores, com o ex-comissário europeu de Meio Ambiente Stavros Dimas.
Dos quatro maiores partidos da Grécia, apenas um ficou de fora da coalizão liderada por Papademos. Trata-se do Partido Comunista, além de seus satélites de extrema esquerda, influentes nos dois maiores sindicatos do país - que mobilizam dezenas de milhares de manifestantes a cada greve geral em Atenas. / A.N.
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