Agência nuclear da ONU detecta radiação em países europeus
Níveis baixíssimos do isótopo iodo-131 foram detectados na Europa, mas se acredita que as partículas não representem um risco à saúde pública, disse nesta sexta-feira a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), acrescentando que a origem da radiação está sendo investigada.
Em princípio, a AIEA descartou que as partículas venham da usina japonesa de Fukushima, cenário de um grave acidente nuclear em março. A radiação está sendo detectada há duas semanas, e os especialistas apontam múltiplas origens possíveis, de laboratórios médicos e hospitais a submarinos nucleares.
A descoberta foi feita após um alerta da República Tcheca, que detectou radiação vinda de fora do país, mas não de uma usina nuclear. A Alemanha disse ter registrado níveis ligeiramente elevados de iodo radiativo no norte do país, e também descartou que a origem seja uma usina atômica.
Hungria, Eslováquia, Áustria e Suécia foram outros países que detectaram a radiação, em níveis incapazes de fazerem mal à saúde.
O iodo-131, que em doses elevadas está associado ao câncer, pode contaminar produtos como leite e legumes.
CONTAMINAÇÃO
Paddy Reagan, professor de física nuclear na Universidade de Surrey (Reino Unido), disse que a hipótese de contaminação radiofarmacológica é a mais provável, já que o iodo-131 era usado em tratamentos da tireoide, e alguns hospitais ainda podem tê-lo em seus armazéns.
"Seria improvável que ele tenha vindo de Fukushima, já que o acidente foi há muitos meses, e o iodo-131 tem uma meia-vida (tempo de decomposição) rápida."
Segundo a AIEA, uma dada quantidade de iodo-131 leva apenas oito dias para ser reduzida à metade.
Malcolm Sperrin, diretor de física médica do Real Hospital de Berkshire, no Reino Unido, disse que as partículas podem até mesmo ter sido lançadas no ambiente por pessoas submetidas a tratamento de tireoide.
As autoridades da Espanha, Rússia, Ucrânia, Finlândia, França, Reino Unido, Suíça, Polônia e Noruega disseram não ter detectado níveis anormais de radiação.
Nos dias e semanas posteriores ao acidente de Fukushima, pequenas quantidades de iodo-131, supostamente vindas do Japão, foram detectadas até nos EUA, na Islândia, além de diversos países europeus.
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