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Internacional
Sábado - 12 de Novembro de 2011 às 07:22

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Militantes pró-democracia se mobilizaram mais uma vez na sexta-feira para exprimir o descontentamento com o regime do ditador Bashar al Assad, acusado pela organização internacional Human Rights Watch (HRW) de "crimes contra a humanidade", em um dia que a repressão deixou 23 mortos.

Ao mesmo tempo, um Comitê Ministerial Árabe deve se reunir no Cairo, após o não cumprimento de Damasco das promessas de acabar com a repressão sangrenta, que já fez mais de 3.500 mortos desde o início das manifestações, em março, segundo um levantamento das Nações Unidas.

No sábado, outra importante reunião ocorrerá entre os ministros árabes das Relações Exteriores sobre a situação da Síria.

O governo sírio aceitou no dia 2 de novembro um plano que previa o fim da violência, a libertação dos presos, a retirada do Exército das cidades e a livre circulação da imprensa.

LIGA ÁRABE

O representante da Síria na Liga Árabe, Youssef Ahmad, afirmou que apresentou na manhã desta sexta-feira um memorando ao secretariado da Liga.

No texto, Damasco disse que receberá positivamente uma delegação enviada pela organização pan-árabe à Síria.

"Isto contribuirá para avaliar o engajamento de Damasco na implementação do plano (árabe) e descobrir as razões que motivam algumas partes, no interior do país e no exterior, de sabotarem o roteiro árabe", afirmou a agência de notícias Sana.

Como a cada sexta-feira, os militantes pela democracia chamaram o povo sírio para novas manifestações sob o slogan da semana "Pedimos o congelamento da adesão da Síria à Liga Árabe".

Em Damasco, manifestantes criticaram o Comitê Nacional para a Mudança Democrática (CNCD), um movimento de oposição que rejeita qualquer ideia de intervenção militar estrangeira na Síria, segundo um vídeo no site YouTube.

As forças de segurança dispersaram manifestações em vários bairros de Homs, em Deir Ezzor (leste), Idleb, Deraa, Hama (centro), Qamichli (nordeste) e na província de Damasco, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

No total, 23 pessoas foram mortas no país, segundo a OSDH: 15 civis e um desertor morreram em Homs (centro), um civil morreu em Ariha, perto de Idleb (noroeste) e outros cinco, entre eles uma criança de 13 anos, morreram na região de Deraa (sul), e outro na região de Damasco.

Os corpos de três desaparecidos foram encontrados em Homs.

BRUTALIDADE

Na quinta-feira, a violência provocou a morte de pelo menos 26 pessoas. O regime sírio parece não querer renunciar à utilização da força para reprimir a contestação popular.

"Recorrer sistematicamente aos canhões contra civis em Homs, praticar a tortura e execuções sumárias, provam que crimes contra a Humanidades foram cometidos pelas forças de segurança sírias", denunciou nesta sexta-feira o HRW, em um relatório publicado em Nova York.

Baseada em testemunhos, a ONG afirma que estas "violações mataram pelo menos 587 civis" em Homs entre meados de abril e final de agosto e outras 104 morreram desde o dia 2 de novembro, data da adesão doao plano árabe para acabar com a violência.

"Homs é o microcosmo da brutalidade do governo sírio", escreveu Sarah Leah Whitson, responsável pelo Oriente Médio na HRW. "A Liga Árabe precisa dizer ao presidente Assad, que a violação do acordo trará consequências e que o grupo buscará uma ação no Conselho de Segurança para acabar com a carnificina".

Militantes dos direitos humanos assinalam um aumento de soldados desertores que se juntaram à oposição.

Vários combates entre soldados e desertores presumidos aconteceram na quinta-feira, deixando "dezenas de mortos e feridos" na região de Idleb, em Deir Ezzor e Harasta, afirmou a OSDH.

Em Moscou, o porta-voz da igreja ortodoxa anunciou uma visita do patriarca ortodoxo russo, Kirill, à Síria e ao Líbano do dia 12 a 15 de novembro para uma "missão de paz".

O patriarca, que se reunirá com o ditador Assad, "vai, com certeza, pedir pelo diálogo entre todas as partes da Síria para que o país retorne à estabilidade", disse o porta-voz.

Segundo o "Financial Times", as sanções impostas pela União Europeia a Damasco começam a ter consequências: pela falta de liquidez, a Síria deixou de pagar as companhias Shell e Total por sua produção de petróleo no país.






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