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Polícia Brasil
Terça - 08 de Novembro de 2011 às 23:33

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A Polícia Civil reduziu na tarde desta terça-feira o valor da fiança a ser paga pelos estudantes detidos durante a reintegração de posse na reitoria da USP.

Inicialmente estipulado em R$ 1.050. o valor foi reduzido para um salário mínimo --R$ 545. Segundo o delegado Edvaldo Faria, titular da central de flagrantes do 91º DP, mesmo que paguem a fiança, os estudantes só serão liberados após serem ouvidos oficialmente.

"Esperamos terminar isso o mais rápido possível, até o final da tarde podemos ter finalizado", disse.

De acordo com o delegado seccional Dejair Rodrigues, os estudantes serão autuados em flagrante por desobediência a ordem judicial, dano ao patrimônio público e crime ambiental.

Ao todo, foram detidas 73 pessoas, sendo 63 dentro da reitoria e outras dez durante o protesto contra o cumprimento da reintegração. Inicialmente, a polícia havia informado que 70 pessoas estavam presas.

FIANÇA

Representantes da central sindical Conlutas afirmaram na delegacia que articulam a arrecadação do valor integral das fianças com outras centrais e movimentos sociais.

Alguns pais que tentaram pagar a fiança dos filhos foram impedidos pelos próprios estudantes, que afirmaram só deixar a delegacia junto com os colegas.

"Tenho certeza que seu eu chegar pra ela, ela vai me falar: "Ou sai todo mundo, ou não sai ninguém"", disse uma das mães que aguardam a liberação dos filhos.

PROTESTO

Cerca de 150 manifestantes que fizeram uma passeata contra as prisões desde a reitoria chegaram por volta das 13h à delegacia.

Em frente aos policiais, eles declararam apoio aos colegas e leram um documento.

"Nosso objetivo é que nossos companheiros que estão presos ilegalmente possam nos ouvir e saibam que não estão sozinhos." Em seguida, entoaram palavras de ordem como "Libertem nossos presos".

OPERAÇÃO

Segundo a PM, os estudantes estavam dormindo por volta das 5h, quando a operação começou. Cerca de 400 policiais da Tropa de Choque e da Cavalaria da PM foram acionados, além de um helicóptero Águia e de policiais do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) e do GOE (Grupo de Operações Especiais).

Os militares, portando cassetetes e escudos, fizeram um cordão de isolamento ao redor do prédio e retiraram os estudantes, que não resistiram à prisão. O prédio foi entregue pela polícia a um oficial de Justiça, já que a operação foi motivada por um mandado judicial.

ASSEMBLEIA

Os estudantes haviam decidido, em assembleia realizada na noite de ontem (7), manter a ocupação, apesar do fim do prazo dado pela Justiça para deixarem o local.

Após a votação, alguns estudantes agrediram jornalistas. Um cinegrafista caiu após ser empurrado e um fotógrafo teve a câmera arrancada e machucou as mãos --ele foi levado ao hospital.

O clima ficou tenso e, após os grupos ficarem separados, os alunos arremessaram pedras na direção dos jornalistas. Um cinegrafista foi atingido e ficou levemente ferido.

No momento do tumulto, não havia guardas universitários nem PMs no local. Após a confusão, um representante dos invasores disse que havia ocorrido uma "situação isolada".

RESISTÊNCIA

Na assembleia, vários estudantes disseram estar dispostos a resistir caso a PM fizesse a reintegração de posse.

Mais cedo, às 18h, uma reunião de negociação entre representantes da reitoria e alunos terminou em impasse.

O superintendente de relações institucionais da USP, Wanderley Messias da Costa, chegou a deixar a sala onde ocorria o encontro.

A proposta apresentada à tarde pela universidade previa que os alunos e funcionários não fossem punidos por participar da invasão.

A reitoria também manteve a oferta de criar grupos para discutir o convênio com a PM --principal motivo da invasão-- e revisar processos administrativos contra estudantes.

Os alunos, no entanto, consideraram a proposta insuficiente, já que havia chance de novos processos caso ficasse provado que houve vandalismo no prédio invadido.

Os acontecimentos que levaram à ocupação da reitoria tiveram início no dia 27 de outubro, quando três alunos da USP foram detidos por posse de maconha. Houve reação de colegas, que investiram contra a PM. Policiais usaram bombas de efeito moral e cassetetes para levar os rapazes à delegacia --depois eles foram liberados.

Na mesma noite, um grupo de cem estudantes invadiu um prédio administrativo da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas). Na terça passada, mais de mil alunos realizaram uma assembleia que decidiu, por 559 votos a 458, pela desocupação do edifício.

A minoria derrotada, porém, decidiu invadir a reitoria, onde hoje há cerca de 50 manifestantes --a USP toda tem cerca de 82 mil alunos (50 mil só na Cidade Universitária).






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