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Economia
Terça - 08 de Novembro de 2011 às 19:09
Por: ROBERTO SAMORA

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As exportações de milho do Brasil, que no início de 2011 indicavam para uma queda acentuada em relação a 2010, superaram as expectativas e poderão fechar o ano perto do volume registrado na temporada anterior, afirmou um dirigente do setor privado.

 

 

O Brasil fechou 2010 --ano em que figurou como o terceiro maior exportador global de milho-- com vendas externas de 10,8 milhões de toneladas, o segundo maior volume anual exportado em sua história, o que fez especialistas acreditarem em redução em 2011, inclusive porque viam também riscos de uma menor oferta.

 

Mas recentemente, com uma combinação de preços internacionais e câmbio favoráveis e uma quebra de safra 2010/11 menos acentuada do que se esperava, houve uma aceleração nos embarques, que devem se manter fortes em novembro e em dezembro.

 

"Normalmente, tem sempre o dólar na direção contrária do preço de venda. Mas em determinado momento, com a crise europeia, teve preço ainda bom e dólar favorável, então somou dois fatores", declarou à Reuters o diretor-geral da Associação dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes.

 

De acordo com Mendes, um dólar mais forte frente ao real permite que o exportador desconte menos custos com frete do preço pago ao produtor, incentivando especialmente negócios feitos com produtores de Mato Grosso, que sofrem mais com a logística.

 

"O dólar, quanto maior, ganha não só na receita, mas o produtor ganha no desconto pelo frete", disse ele, lembrando que a moeda norte-americana chegou a ser cotada em torno de 1,5 real em alguns momentos durante o ano. Atualmente, está a 1,74 real.

 

DADOS SURPREENDENTES

 

Segundo o diretor, o setor esperava inicialmente embarques de 7 milhões de toneladas este ano, volume que já foi superado de janeiro a outubro.

 

No acumulado do ano até outubro, o Brasil exportou 7,7 milhões de toneladas, superando em 700 mil toneladas as registradas no mesmo período do ano passado, de acordo com dados do governo.

 

Nesse ritmo de embarques --e com a programação de navios nos portos apontando para exportações em novembro de mais de 1 milhão de toneladas do cereal--, poderia ser simples afirmar que o Brasil exportaria mais milho em 2011 do que em 2010. Mas o último bimestre do ano passado foi muito forte, com vendas externas de 3,7 milhões de toneladas, o que mantém a cautela.

 

"A situação faz a gente imaginar que deverá haver sim boa exportação em novembro e dezembro, não sei se 1,5 milhão de toneladas por mês, mas vai ter boa exportação", ponderou.

 

Os mesmos preços internacionais que têm incentivado os negócios para exportação também elevaram as divisas geradas com as vendas externas. De janeiro a outubro, a receita com os embarques somou 2,1 bilhões de dólares, contra 1,3 bilhão no mesmo período do ano passado.

 

O preço do produto exportado em outubro foi de 294,9 dólares/tonelada, contra 206,7 dólares no mesmo mês de 2010.

 

"Quanto mais o preço internacional for compensando, você vai ver esse milho sumir, porque o produtor não vai ficar condicionado só ao mercado interno, aí fica uma constante, o pessoal adquire confiança no Brasil como exportador confiável e a coisa começa a crescer", comentou Mendes, lembrando que os preços mais altos compensam uma logística deficitária comparada com os principais concorrentes, Estados Unidos e Argentina.

 

Com uma safra recorde projetada para 2011/12 , o Brasil --que consome mais de 80 por cento de sua produção-- poderia elevar suas exportações anuais para um recorde de 11 milhões de toneladas, diz a consultoria Céleres.





Fonte: REUTERS

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