Projeto previsto para beneficiar Chapada dos Guimarães ainda não saiu do papel
Anulada pela 2ª vez, obra do teleférico acumula problemas
Lançado em 2009 pela Sedtur (Secretaria de Desenvolvimento de Turismo), com previsão inicial de investimento em R$ 6 milhões, o projeto de construção do teleférico em Chapada dos Guimarães (67 km ao Norte de Cuiabá) segue sem prazo para conclusão.
Considerada essencial para impulsionar o turismo no município e ser um dos atrativos para a Copa do Mundo de 2014, a obra foi cancelada em comum acordo pelo governador Silval Barbosa (PMDB) e o secretário Extraordinário da Copa do Mundo, Eder Moraes.
O teleférico é composto por dois cabos de aço, que se estenderão por 1.500 metros, por onde correrão 30 bondes, com capacidade para duas pessoas cada. O trajeto do passeio envolve o mirante da região da pousada Penhasco à Serra do Atimã, na Chapada dos Guimarães.
A alegação para sustentar a decisão administrativa é que não há projeto básico que possa impulsionar o projeto. Assim, um novo processo licitatório será lançado para a contratação de uma nova empresa, que vai substituir a gaúcha Zuchetto Máquinas e Equipamentos.
"É uma obra que requer estudo aprofundado e exige sério aperfeiçoamento para evitar problemas. Decidimos mudar para evitar problemas mais graves à frente", disse Eder Moraes, em entrevista, na sexta-feira (4).
Mesmo com os problemas administrativos, o secretário acredita que o Estado vai superá-los e a obra será concluída em tempo hábil. "Faremos uma nova licitação e estamos certos que a obra será entregue a tempo de ser um atrativo para a Copa do Mundo. Não há dúvida alguma a respeito disso", disse.
Histórico de problemas
O projeto do teleférico em Chapada dos Guimarães acumula problemas desde sua fase inicial. Primeiro, o Ministério Público Estadual (MPE) ingressou com ação civil pública na Justiça reivindicando a anulação porque houve dispensa de licenciamento ambiental. A liminar foi expedida pela Justiça, retardando ainda mais o início das obras.
Somente em abril deste ano, foram aprovados o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) e a licença de instalação para a obra do teleférico em Chapada.
Os estudos ambientais são as peças chaves para o projeto sair do papel, porém, a Sedtur (Secretaria de Desenvolvimento de Turismo), alegou que não tinha dinheiro em caixa.
Assim, o valor de R$ 6 milhões seria investido pela Agecopa (Agência Estadual de Execução de Projetos para a Copa do Mundo), que veio a ser extinta por graves problemas políticos e cedeu espaço a Secopa (Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo).
Agora, a obra é anulada mais uma vez comprometendo a sua conclusão para dezembro de 2012, conforme previsto inicialmente.
Acordo político
Além disso, a obra começou com a suspeita de troca de favores políticos. O teleférico cruzaria a propriedade privada do advogado Antonio Checchin Júnior, que doou R$ 25 mil para a campanha a deputado estadual, em 2002, do então secretário de Estado de Turismo, Yuri Bastos Jorge, configurando na maior doação de pessoa física.
Documentos oficiais revelam que Antônio Checchin doou o terreno ao Estado para garantir a execução da obra. Coincidentemente, o advogado começou a construir um restaurante ao lado do local onde o teleférico seria montado.
Ao pedir o embargo da obra à Justiça, o promotor Jaime Romaquelli citou que havia irregularidade na documentação ambiental e a suspeita de que se "pretendia construir obras em aparente conluio com o requerido (Checchin Júnior)".
Por conta disso, foi processado por Yuri Bastos Jorge que alegou ser vítima de calúnia e difamação, mas, o processo veio a ser arquivado pela Justiça.
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