Negociações foram lideradas por Gilberto Schincariol, de 28 anos
Irmãos Schincariol recebem cheque de R$ 2,3 bilhões da Kirin
Os irmãos Gilberto, José Augusto e Daniela Schincariol receberam, na quinta-feira, um cheque da Kirin de cerca de R$ 2,3 bilhões por sua participação de 49,5% na Schincariol, a segunda maior cervejaria brasileira. Lideradas pessoalmente por Gilberto Schincariol Júnior, de apenas 28 anos, as negociações entre as duas partes foram intensas nos últimos dois dias.
As reuniões, realizadas na sede da Schincariol, em Itu (SP), vararam a noite desde terça-feira. Mas, segundo fontes envolvidas com a operação, o clima entre os irmãos Schincariol e os japoneses já era bem mais amigável que no início das negociações, há dois meses, quando os três acionistas entraram na Justiça contra seus primos, Adriano e Alexandre Schincariol, para tentar impedir a venda do controle da empresa para a Kirin.
Advogados do escritório TozziniFreire e do banco UBS, que representaram a Kirin, reuniram-se inúmeras vezes com Gilberto Schincariol até que se chegasse, na última quinta-feira, a um acordo. Os papéis só começaram a ser assinados por volta das quatro horas da tarde e, ainda pela manhã, os assessores não tinham certeza se conseguiriam mesmo fechar o negócio.
Para a Kirin, a sensação foi de vitória e alívio. O valor pago pelos japoneses aos minoritários da cervejaria não fugiu do que os japoneses tinham em mente. Mas o acordo encerrou, sobretudo, com uma séria ameaça para o grupo japonês, a de ter de lidar com um sócio indesejado no Brasil, em sua primeira grande investida na América Latina.
A Kirin até esteve disposta a pagar uma soma maior aos minoritários da Schincariol para solucionar a disputa, segundo apurou o iG. Mas, depois da decisão da Justiça, em outubro, que favoreceu a Kirin, os irmãos perderam força nas negociações, diz uma fonte do setor, especializada em fusões e aquisições.
Em agosto, a Kirin pagou a Adriano e Alexandre Schincariol, primos de Gilberto, quase R$ 4 bilhões em dinheiro por sua participação de 50,45% no capital da cervejaria brasileira. Gilberto e seus irmãos, provavelmente, acreditavam que poderiam receber uma quantia equivalente a que havia sido paga aos controladores. Ir à Justiça para impedir que seus primos vendessem o controle foi uma aposta, avalia uma fonte.
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